Por: Allan de Oliveira.
Introdução
Em meio ao
turbilhão de notícias sobre o conflito entre Israel e Hamas, notei
a possibilidade de explorar a rica cultura do Oriente Médio através da obra As
Mil e Uma Noites. Essa coletânea de contos árabes, imortalizada por
personagens como Aladim e Sherazade, oferece um contraponto ao pensamento
dominante de grande parte da população da qual não vê com bons olhos o Oriente Médio,
considerando-o como um lugar repleto de terrorismo e violência.
Sendo assim,
apesar da discriminação de parte do pensamento universal que, frequentemente,
destacam o terrorismo e conflitos políticos, o Oriente Médio é uma
região que abriga uma cultura rica e diversificada, que vai muito além do
pensamento preconceituoso dominante. E a literatura, em particular, revela-se
como uma expressão de identidade e história desse continente. Portanto,
vislumbrar essas obras seria o mesmo que desafiar estereótipos, preconceitos, e
discriminações.
E se há uma obra literária que transcende o tempo e
desafia o pensamento universal e discriminatório em relação ao Oriente Médio,
essa obra é As Mil e Uma Noites. Clássico esse da literatura mundial,
também conhecido como As Noites Árabes, trata-se de uma
coleção de contos que tem fascinado leitores ao redor do mundo por muitos
séculos.
Escrito em árabe durante o período islâmico clássico,
"As Mil e Uma Noites" fora criada como contação de histórias
para depois ser compilada e registrada em livro por diversos autores ao longo
dos séculos.
As Mil e Uma
Noites
foi traduzido para várias línguas e inspirou adaptações como peças teatrais, óperas,
filmes, e séries de televisão.
O conto principal gira em torno de Sherazade, uma jovem
que fugir da morte da qual seria ordenada pelo sultão, passa a contar
para ele histórias todas as noites. Sua inteligência e perspicácia a permitem
utilizar o poder da narrativa para desafiar a tirania e conquistar a sua
liberdade. E essas histórias, por sua vez, apresentam personagens que contam outras
histórias dentro delas, criando uma teia de narrativas que prende o
leitor em um mundo de imaginação.
Ao longo dos
contos, somos apresentados a uma grandeza de personagens cativantes, desde reis
e rainhas até gênios, dentre outras criaturas mágicas, transportando leitores
(as) para um mundo meio esquisito e misterioso.
Mas, além disso, os contos também abordam sobre temas profundos tais como amor,
traição, poder e redenção. Temas esses ainda abordados em nossa atualidade.
Lições de moral em “As mil e uma noites”
As histórias
que compõem a obra oferecem um rico panorama da vida no Oriente Médio do
passado. Porém, elas são repletas de lições de moral. Lições essas tais
como:
A busca pela felicidade:
Em algumas histórias, encontramos personagens que se alegram ao encontrar
indivíduos em situação ainda mais precária que a deles. Isso mostra uma visão
sádica de felicidade e comparação social.
As contradições da sociedade: Nos contos encontramos sentimentos como inveja,
machismo, dominação, tensões, e desigualdades presentes na época em que a obra
foi repassada oralmente.
A força feminina: Sherazade,
heroína central da obra, representa a inteligência e a resistência feminina para
combater a tirania. Sua esperteza e ousadia a transformam em um símbolo
de esperança.
A busca por redenção:
Na obra há também personagens dos quais ao estarem na hora da morte, buscam a redenção
por meio de boas ações.
A luta por uma vida melhor: A perseverança também está presente, como, por exemplo,
a busca por melhores condições de vida, e isso mostra a resiliência do ser
humano e a sua capacidade de superar obstáculos.
CONCLUSÃO
Nossos erros
e acertos sempre existiram desde tempos longínquos e atravessaram
diversas épocas até os dias de hoje. Sendo assim, os desafios que enfrentamos
ao longo da vida podem servir como oportunidades valiosas de reflexão, um
exemplo encontrado na história do sultão Shariar, retratado nas
páginas de "As Mil e Uma Noites".
A história
desse sultão mostra que após ele ter sofrido adultério cometido por sua esposa,
Shariar decidiu se vingar de todas as mulheres do reino, assassinando-as. Porém,
através da astúcia e perspicácia de Sherazade, o sultão é confrontado com a sua
visão deturpada do feminino. Ele passa a notar o valor e a sabedoria que a
heroína traz consigo sendo confrontado com seus próprios preconceitos
e reconhece o erro do seu julgamento precipitado.
A narrativa
nos mostra a importância de não julgarmos ninguém de forma precipitada,
mas compreender as diferenças e valorizar as individualidades de cada
indivíduo. Assim como Shariar, podemos encontrar redenção e crescimento pessoal
ao reconhecer nossos erros e aprender com eles.
Como na
introdução do presente texto eu destaquei sobre a visão preconceituosa de
muitas pessoas em relação aos países muçulmanos, considero fundamental
comparar a importância do julgamento não precipitado e destacar que nesses
países não existe, somente, terrorismo, mas um rico legado cultural como
a história, a arte, a arquitetura, a filosofia, e literatura. Uma contribuição
valiosa para a humanidade da qual, se tivermos olharem não
preconceituosos, notaremos um enriquecimento repleto de beleza que nos
proporcionará aprendizados valiosos!
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