Por: Allan de Oliveira.
Zeus
querendo se vingar dos homens, e, principalmente, de Prometeu, fizera uma
reunião com alguns deuses do Olimpo, pedindo a Hefesto para criar uma mulher
derivada da argila. Esta mulher é Pandora, considerada a primeira mulher do
mundo.
Hermes
contribui com a criação de Pandora, dando-lhe a vida, juntamente com suas
qualidades e defeitos, pondo em sua boca palavras mentirosas e um espírito de
cadela (relativo ao apetite sexual), bem como, um temperamento de ladra. Atenas
e Afrodite confeccionaram suas roupas.
Assim,
Pandora é criada, somente, para contar mentiras e esconder suas emoções.
Aos
nove anos de idade, Pandora recebera de Zeus o colar que pertencera a Prometeu
que fora tirado dele por ter tentado enganar o “deus do trovão”.
***
Prometeu
previne seu irmão Epimeteu para ele não aceitar presente algum dos deuses por
saber que eles tramavam algo.
Os
deuses enviam, então, Pandora. Epimeteu maravilhado ao vê-la casa-se com ela no
dia seguinte.
É
necessário ressaltar que Prometeu nada mais é do que aquele que compreende
antecipadamente. E Epimeteu aquele que compreende depois, tarde demais.
Portanto, colocando isso para a humanidade, percebe-se que nós somos nada mais,
nada menos do que Prometeus e Epimeteus porque às vezes compreendemos
antecipadamente ou tarde demais.
Pandora
fora criada e enviada numa época anterior a que Prometeu fora castigado.
“Assim começam todas as nossas
desgraças.
(...)
Ora, essa Pandora, como todo o génos, toda a “raça” das mulheres que
dela sairá, tem justamente a característica de viver insatisfeita, sempre a
reivindicar, incontinenti. Não se satisfaz com o pouco que existe. Quer se
fartar, ter o máximo”. (VERNANT p. 71)
“Não só devoram e esgotam todas as
reservas, mas é essa a razão principal que leva a mulher a tentar seduzir um
homem. O que ela quer é o celeiro. Com a habilidade de seu discurso sedutor, de
seu espírito mentiroso, de seus sorrisos e de sua “anca empetecada”, nas
palavras de Hesíodo, ela faz para o jovem solteiro suas poses de sedutora, mas
na verdade está de olho na reserva de trigo. E todo homem, como Epimeteu antes
dele, fica boquiaberto, maravilhado com sua aparência, e se deixa agarrar.
As mulheres não só têm esse apetite
alimentício que arruína a saúde do marido, porque ele nunca traz comida
suficiente para casa, mas, além disso, têm um apetite sexual particularmente
devorador. Clitemnestra e outras esposas conhecidas por terem enganado o marido
vivem dizendo que elas eram a cadela que tomava conta da casa. Obviamente, esse
temperamento de cadela deve ser entendido no sentido sexual.
As mulheres, mesmo as melhores, as que
possuem um temperamento comedido, têm a característica de, segundo contam os gregos,
terem sido fabricadas com argila e água. Por isso, seu temperamento pertence ao
universo húmido, ao passo que os homens têm um temperamento mais próximo do
seco, do quente, do fogo.
Em certas estações do ano,
especialmente na que se chama canícula – a estação do cão, ou seja, quando
Sírio, o Cão, é visível no céu, bem pertinho da Terra, pois o Sol e a Terra
estão em conjunção –, quando faz um calor terrível, os homens, secos como são,
esgotam-se e enfraquecem. As mulheres, ao contrário, graças à sua umidade,
desabrocham. Exigem dos esposos uma assiduidade matrimonial que os deixa
exauridos.
(...)
[...] Na verdade, a mulher, a esposa, é
um fogo que queima o marido continuamente, dia após dia, que o resseca e o
envelhece prematuramente. [...] Por seu apetite animal, alimentício e sexual, a
mulher é uma gastér, uma
barriga, um ventre. De certa forma, representa a animalidade da espécie humana,
sua parcela de bestialidade. Na qualidade de gastér, engole todas as riquezas do marido. [...] Agora, o dilema
é o seguinte: se um homem se casa, sua vida será um relativo inferno, sem a
menor dúvida, a não ser que ele descubra uma excelente esposa, o que é
raríssimo. Portanto, a vida conjugal é um inferno, é um acúmulo de desgraças.
(...)
[...] A mulher reúne as desgraças da
vida humana e seu aspecto divino. Oscila entre os deuses e os bichos, o que é
próprio da humanidade”. (VERNANT p. 72 / 74)
Tendo
Epimeteu se casado com Pandora, Zeus pede a ela para destampar e tampar os
vasos do marido. Ao fazer o pedido do deus, Pandora acabar libertando todos os
males (o cansaço, as doenças, a morte, os acidentes, etc.) que se espalharam
pelo universo.
“O mal que vemos e ouvimos – a mulher, disfarçada pela sedução de sua beleza, de sua doçura, de suas palavras – nos atrai e nos encanta, em vez de nos apavorar. Um dos traços da existência humana é a dissociação entre as aparências daquilo que se deixa ver e escutar, e as realidades. Essa é a condição dos homens tal como Zeus a preparou, em resposta às artimanhas de Prometeu”. (VERNANT p. 75)
REFERÊNCIAS:
SÓ HISTÓRIA – Pandora. Disponível:
<http://www.sohistoria.com.br/ef2/mitologiagrega/p1.php>.
Acesso em: 24 de ago. de 2013.
VERNANT, Jean-Pierre. O universo, os deuses, os homens. São
Paulo. Editora Schwarcz, 2008.
MITOLOGIA GREGA PARTE 1: A origem do universo:
MITOLOGIA GREGA PARTE 2: O nascimento
de Afrodite e o reinado de Khrónos:
MITOLOGIA GREGA PARTE 3: Guerra dos
Deuses:
MITOLOGIA GREGA PARTE 4: A cidade de
Mecona e a história de Prometeu:
MITOLOGIA GREGA PARTE 6: A Guerra de
Troia:
MITOLOGIA GREGA PARTE 7: A aventura de
Ulisses ou A Odisseia - Parte 1:
MITOLOGIA GREGA PARTE 8: A aventura de
Ulisses ou A Odisseia - Parte 2:
MITOLOGIA GREGA PARTE 9: A aventura de
Ulisses ou A Odisseia - Parte 3:
MITOLOGIA GREGA PARTE 10: A história de
Dionísio:
MITOLOGIA GREGA PARTE 11: A história e
a maldição de Édipo - Parte 1:
MITOLOGIA GREGA PARTE 12: A história e
a maldição de Édipo - Parte 2:
MITOLOGIA GREGA PARTE 13: A história e
a maldição de Édipo - Parte 3:
MITOLOGIA GREGA PARTE 14: A história de
Perseu: