Não sou deste mundo. Nunca fui.
Por isso ando por ele distraída.
Como se fosse de passagem.
Percebendo pequenas belezas entre
carros velozes, pessoas sem voz, dias sem sol.
Por isso quase morri. Era um dia
comum como hoje.
Como todos os dias comuns desde que
nasci.
Às vezes penso que nem nasci, sem
infância, sem adolescência
sem...
Caí neste mundo e tudo me era
estranho.
Ainda o é. A língua, o jeito como as
pessoas vestem-se ou andam.
Tão apressadas e eu tão distraída
olho pro alto.
Eu queria ter nascido pássaro.
Foi por ódio a este mundo que quase
morri desta vida que não escolhi.
Quase perdi o que me restava; a vida.
É apenas isso que tenho. E meus
sentimentos.
Sem eles não viveria, não escrevia
poemas, não sorria.
Sentir é tudo que me resta. É minha
alma e minha arma.
Nada do que escrevo vale.
Apenas o que desejo,
o que sinto,
o que goza ou dói em mim.
Sem fim...
No fim.
Por: Francisca Elizabeth Alexandre.