Já é quase lua nova
Ainda estou aqui neste mundo? Indago-me.
Fecho e abro os olhos assim como
Alice
e tudo ainda permanece como está.
Queria a infância perdida.
Queria a adolescência perdida.
Queria ao caminhar
Nunca mais voltar.
Mas ir para aonde? Indago-me.
Bem queria acreditar em Drummond: “A infância perdida, a juventude perdida,
mas a vida não se perdeu”.
Mas sei que o poeta mente. Mente pra
si mesmo pra não enlouquecer. Assim como eu.
Mas sei também de outras pequenas
coisas.
Sei que ainda existem pessoas boas no
mundo,
Pessoas que ainda quero conhecer pra
tomar um chá
no fim de tarde
ou caminhar na beira-mar, quem sabe.
Sei que tenho um filho e que ele
precisa de mim. Por isso não posso desistir.
Sei que amo tão intensamente que às
vezes penso que vou morrer.
Sei que o que leio ou escrevo pouco
me serve. Serve-me como desculpa, uma ocupação pra enganar o morrer.
Sei que seguimos, como sempre diz um
Companheiro Querido.
E que é preciso rir da própria dor.
Queria mesmo era ter nascido pássaro.
É a minha alma que quer assim.
Mas, no momento, sou apenas árvore.
Querendo virar pássaro, enfim.
Por: Francisca Elizabeth Alexandre.