QUASE






Já é quase lua nova
Ainda estou aqui neste mundo? Indago-me.
Fecho e abro os olhos assim como Alice
e tudo ainda permanece como está.
Queria a infância perdida.
Queria a adolescência perdida.
Queria ao caminhar
Nunca mais voltar.
Mas ir para aonde? Indago-me.
Bem queria acreditar em Drummond: “A infância perdida, a juventude perdida, mas a vida não se perdeu”.
Mas sei que o poeta mente. Mente pra si mesmo pra não enlouquecer. Assim como eu.
Mas sei também de outras pequenas coisas.
Sei que ainda existem pessoas boas no mundo,
Pessoas que ainda quero conhecer pra tomar um chá
no fim de tarde
ou caminhar na beira-mar, quem sabe.
Sei que tenho um filho e que ele precisa de mim. Por isso não posso desistir.
Sei que amo tão intensamente que às vezes penso que vou morrer.
Sei que o que leio ou escrevo pouco me serve. Serve-me como desculpa, uma ocupação pra enganar o morrer.
Sei que seguimos, como sempre diz um Companheiro Querido.
E que é preciso rir da própria dor.
Queria mesmo era ter nascido pássaro.
É a minha alma que quer assim.
Mas, no momento, sou apenas árvore.
Querendo virar pássaro, enfim.

Por: Francisca Elizabeth Alexandre.





Literatura TV

Escritor, pesquisador, blogueiro, e Youtuber que visa através deste blog a circulação de textos próprios, bem como o de pessoas amigas, no intuito de incentivar as artes que há dentro de cada um de nós, e também a divulgação de culturas em geral. Contato: contatoallandeoliveira@gmail.com

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