Analogia de Hamlet com Édipo (Allan de Oliveira)


(Édipo Rei, de Sófocles / Hamlet, de Shakespeare)


Por: Allan de Oliveira.

  

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Criado na época do Renascimento na era do teatro elisabetano, o personagem Hamlet de William Shakespeare é tão importante e influente quanto o Édipo de Sófocles, escrito na época clássica.

 

Esses dois personagens, protagonistas das peças homônimas são considerados muito importantes para a história da Tragédia grega e shakespeariana que até mesmo o grande psicanalista Freud havia feito uma analogia a eles em seu livro A Interpretação dos Sonhos de 1900.

 

As tragédias Hamlet e Édipo nos ajudam a compreender fatos de caráter sociais, históricos, religiosos, e os problemas psicológicos.

 

Um exemplo de interpretação social, histórico e religioso presente na peça de Sófocles se dá quando é comentado por Édipo que seu pai, Laio, falecido, permanece no Hades, ou seja, o inferno. Da mesma forma há uma analogia presente na peça de Shakespeare quando o padre no enterro de Ofélia comentava que a cerimônia possuía poucas pessoas pelo fato dela ter-se suicidado e de acordo com as “leis divinas” ela iria ao inferno.

 

Outro exemplo que pode ser notado entre as duas peças é o fato do Rei Laio após ter consultado o Oráculo de Delfos e os sacerdotes terem lhe informado que seu próprio filho o mataria e casaria com sua esposa, com medo de que isso pudesse se suceder, o rei pedira a um de seus escravos para assassinar seu filho Édipo quando ainda era bebê, o que não chega a ocorrer. Em analogia com a obra de Shakespeare se dá quando o rei Cláudio, tio e pai adotivo de Hamlet, pedira a seus soldados para matarem-no em uma viagem à Inglaterra. Não tendo resultado, o rei Cláudio aproveitando as fraquezas de Laertes, filho de Polônio, pedira a ele para duelar com Hamlet com uma espada envenenada, e faz o próprio beber de uma taça de vinho que também está envenenada.

 

Outra comparação que se sucede com os dois protagonistas se dá quando um dos soldados presente no início da peça de Shakespeare diz estar havendo algo de podre no reino da Dinamarca. Essa podridão, se formos levar em consideração, havia sido gerada pelo tio de Hamlet, o novo rei, da mesma estirpe sanguínea. O mesmo se sucede na peça Édipo Rei cuja podridão existente também fora causada por um rei e de mesma estirpe sanguínea, Laio, o pai de Édipo. Isso nos mostra o quanto o desejo ansioso em se obter o poder a todo custo, ou o medo em perdê-lo é demasiado podre e que não só estas duas obras, mas como outras daquelas épocas, nos fazem refletir.

 

Com os poucos fatos apresentados à cima, ainda podem existir mais, porém, se fôssemos colocá-los no papel tomariam um grande tempo. Mas, o que pode ser considerado realmente de grande importância é o fato de que os dois personagens, Hamlet e Édipo, desgostosos com a vida, nos revelam a verdadeira face deste mundo, um mundo podre, e nos dá uma lição de vida, fazendo revelar também o verdadeiro papel do que pode ser considera uma Tragédia.

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Escritor, pesquisador, blogueiro, e Youtuber que visa através deste blog a circulação de textos próprios, bem como o de pessoas amigas, no intuito de incentivar as artes que há dentro de cada um de nós, e também a divulgação de culturas em geral. Contato: contatoallandeoliveira@gmail.com

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