Acabara de chegar e pediu uma cerveja bem gelada. Deu um gole daqueles
que alegram a alma de um boêmio, acendeu um cigarro e mal deu um trago, alguém
na mesa ao lado lhe pede um. Olhou aquele sorriso meloso com desdém, então
puxou do maço um cigarro e o entregou enquanto ouvia sem interesse às
explicações daquele indivíduo por não ter um cigarro. Voltou à suas reflexões
achando o fim daquela abordagem indesejável. Olhou a rua sem interesse, quando
ouviu:
— Companheiro! Você não é “Fulano de tal”?
Ele lhe respondeu que não. Mas não foi o suficiente, o outro insistiu:
— Aquela que casou com “Sicrano Verdureiro”, filho de “Beltrano” da rua
ao lado.
Ele sem mostrar sua irritação, já acostumado aos aborrecimentos que
ocorrem nas noites tristes de um homem solitário, respondeu:
— Não amigo, não sou não.
Deu um gole, encheu o copo, tragou o cigarro e escutou ele exclamar com
voz alta:
— João! É isso aí! Seu nome João! Irmão de fulana! Agora sim! Me lembrei
do seu nome! Porra, agente costumava jogar bola na pracinha com a turma. Tá
lembrado?
Ele constrangido com aquela situação, não pelo fato de não ser o tal
João, mas pelo sossego que o boêmio necessita pensar para sua vida, no seu
passado, e por ter sido interrompido. Olhou ao seu redor e pensou que dentre
todas aquelas pessoas por que ele? Então olhou para aquela figura indesejável e
respondeu:
— Olhe amigo, mim desculpe, mas meu nome não é João e muito menos conheço
essas pessoas a quem você se referiu!
Levantou-se, foi até o balcão e pegou sua cerveja que não chegara ao fim,
e ao se aproximar da saída do estabelecimento ainda ouviu o tal amigo do João
dizer aos presentes:
— É a cara do Joãozinho!
Já na rua pensando ter posto fim à aquela situação, escutou do bar:
— Tchau João!
E num gesto quase mecânico olhou para trás, ergueu seu dedo maior e
gritou:
— Vá se foder!