Recentemente tive um
sonho. Na verdade um grande pesadelo.
Tudo começou quando eu
encontrava-me na sala de jantar da casa onde morava, a qual eu havia nascido e
crescido, estando presentes além de mim naquele momento, minha esposa com seu
filho de um ano de idade nos braços, e minha tia, já idosa, a qual me criara e
passara a maior parte do tempo comigo. De repente, uma luz cristalina redonda
com meio metro de espessura, e meio de largura com o fundo escuro, surgiu no
meio da sala naquela noite, sem explicação alguma. Todos nós ficamos pasmados
com um acontecimento como aquele que tarda em acontecer. Para completar ainda
mais o espetáculo, uma música mórbida dava para ser ouvida na lentidão de uma
noite provida de ocultismos.
Minha esposa tomada por
certo fascínio mórbido, se aproximou da luz, em ares de contentamento, e
desejou entrar naquela iluminação demoníaca. Consequentemente, seu filho
começou a executar choros berrantes. Apavorado como eu estava e com medo de
perdê-la, segui em seu encalço.
Passado alguns segundos,
lamuriei-me, ao notar que nós havíamos sido tele-transportados à outra dimensão,
uma dimensão paralela a esta. Digo isto porque ao chegar, notei que eu me encontrava
na mesma casa, mas esta possuía um aspecto diferente e repudiante.
A casa se encontrava mais
envelhecida, suas paredes estavam sebosas, o teto parecia querer romper-se
encima de mim, além de haver insetos das mais variadas espécies que infestavam
aos poucos aquele lugar. Apavorado ainda mais, retirei-me dali e me dirigi para
a rua, à procura da minha esposa.
Logo mais na rua, olhei o
céu. O seu azul escuro da noite desaparecera, dando lugar a um imenso rubor. As
pessoas ao meu redor não passavam de zumbis e monstros horríveis que se aproximavam
lentamente com rugidos de fome. A morte automaticamente invadiu o meu
pensamento, pensando que tudo estava perdido para mim. Dirigi meu olhar para
baixo e vi caído ao chão da calçada um bastão de ferro. Sem pensar duas vezes,
peguei-o.
As criaturas iam-se
aproximando cada vez mais de mim. Bati com o bastão na cabeça de uma delas. Era
incrível! Seu corpo dissolveu-se e automaticamente regenerou-se na forma
original, e gritos agonizantes de dor saíam de dentro da criatura. Visto e
tendo ouvido aquilo, meu coração acelerou-se em quilometragens de segundos, e o
meu terror aumentou ainda mais. Saí a correr apavorado pela rua, e quando
pensei está livre daqueles seres horríveis, nojentos, que exalavam um mal
cheiro como o de cadáveres, a situação piorou.
O chão se abrira, saindo
da crosta terrestre, lavas que deixavam apenas pedaços de asfalto flutuando
sobre o fogo líquido.
As criaturas
horripilantes pulavam enfileiradas nos pedaços de asfalto flutuantes, chegando
cada vez mais próximas de mim. Eu não suportava mais aquele desespero.
Pulei nos pedaços de
asfalto que se encontravam à frente para tentar me afastar, e finalmente
consegui chegar a uma margem.
Quase a salvo na margem
da ilha, enquanto as criaturas tentavam vir a meu encontro, reencontrei minha
esposa. Ela ao ter me visto, acenou com a mão. Fui ao seu encontro.
Senti-me feliz ao vê-la e
me senti um pouco mais calmo e confortável. Porém, ao aproximar-me dela para
abraçá-la, o meu ser passou a entrar em estado de choque, e meu corpo tornou-se
gélido.
Uma metamorfose fora
executada naquela doce criatura que estava em meus braços, mudando sua forma
original para dar lugar à figura do próprio demônio. Dei um grito estrondoso.
Finalmente acordei.
***
Eu estava de volta em
minha cama, mas sentia-me ainda atordoado com aquele pesadelo. Um tanto
desconfiado e para tomar minhas precauções, verifiquei minha casa de ponta a
ponta, para ver se estava tudo bem por lá. Tudo estava em ordem. Assim sendo,
segui até a janela para observar a rua. Tudo em ordem. Suspirei. Porém, eu
percebia ao olhar para aquela miséria e violência tomando conta das ruas e a
pensar nos meus problemas pessoais, tirei as conclusões de que o pesadelo ainda
não havia acabado.
Por: Allan Cara de Pão.