Por: Allan de Oliveira.
A história de Dionísio começa quando
Cadmo, filho de Teléfassa e do rei Agenor, rei de Tiro ou Sídon, nasce, bem
como seus irmãos: Fênix, Cílice, Taso e Europa.
Europa é uma linda moça e quando Zeus a
vê, no mesmo instante a cobiça, e para atraí-la, ele se transforma num touro.
Ao vê a moça na praia ele se aproxima. Ela passa a acaricia-lo e monta em cima
dele. Assim, Zeus em formato de touro atravessa o mar, saindo da Ásia até
chegar a Creta. Lá, ele se deita com Europa no leito e meses depois ela dá a
luz a Radamanto e Minos, futuros soberanos de Creta. Para esses soberanos, Zeus
os presenteia com Talo, um gigante de bronze que guardará a cidade.
Talo para vigiar a ilha, dá a volta
três vezes ao dia e impede a entrada e a saída de pessoas.
Agenor, sua esposa e filhos ao saberem
do rapto de Europa por um touro vão à sua procura. Com essa expedição são
fundadas várias cidades por aquelas regiões.
Cadmo consulta o Oráculo de Delfos e os
sacerdotes dizem que ele encontrará sua irmã, mas deverá seguir uma vaca e
esperar quando ela se deitar e não se levantar mais para naquele local ele
fundar uma cidade que se tornará a futura Tebas.
Cadmo precisa de água para fazer um
sacrifício à deusa Atena. Ele dá ordens aos companheiros para buscarem a água
numa nascente conhecida como Fonte de Ares. Mas, a nascente é guardada por um
dragão. Cadmo vai pessoalmente e mata o dragão. Atena aparece a ele e manda-o
fazer um sacrifício e depois recolher os dentes do dragão e plantá-los numa
planície plana. Ao fazer isso, nascem de imediato, guerreiros armados que
desafiam um ao outro. Eles lutam sangrentamente até a morte, e, somente, cinco
permanecem vivos.
Esses guerreiros são chamados “Spartói”
(semeados) por terem nascidos da terra. São os autóctones e estão enraizados no
solo.
Cadmo fica a serviço de Ares por sete
anos e os deuses que o ajudam, principalmente, Atenas, pretendem torná-lo
soberano de Tebas. O início do reino de Tebas é considerado o equilíbrio e
a união.
Cadmo se casa com a deusa Harmonia
(deusa da harmonia e da concórdia, contrária à deusa da discórdia) que é filha
de Afrodite e Ares. Com Harmonia, Cadmo tem vários filhos: Autônoe, Ino,
Sêmele, e outros.
Sêmele é uma moça muito bonita quanto
Europa. Assim, Zeus vai se deitar com ela por várias noites e ela fica grávida
de Dionísio. Zeus tira o bebê Dionísio do corpo de Sêmele e faz um útero na
própria coxa e depois ele nasce da sua coxa. Hera sente ciúmes dessas aventuras
de Zeus e ele por precaução dá a criança a algumas amas para escondê-lo.
Quando Dionísio cresce ele passa a ser
perseguido pelo rei Licurgo e passa a ter um exército de fiéis. Ao retornar à
Tebas está disfarçado de sacerdote dele mesmo, parecendo uma mulher. Um séquito
de mulheres o acompanha e Penteu, um jovem rei, filho da sua irmã Ágave, fica
furioso ao presenciar aquele culto.
O séquito de Dionísio é formado por
mulheres que abandonam seus esposos e afazeres domésticos para irem às
montanhas e bosques para fazerem orgias. Essas sacerdotisas são conhecidas como
Bacantes (nome originado de Baco¹).
Dionísio é um deus vagabundo e a sua
relação com os devotos é de forma presencial.
Com esse novo culto que surgira, Penteu
fica furioso ao ser informado, mandando prender todos, sacerdotes e fiéis, por
considerá-los como os responsáveis pela desordem feminina. Mas, Dionísio usa
sua magia para libertá-los e o culto volta às ruas.
Penteu manda prender
Dionísio-sacerdote, mas ele depois escapa, fazendo o palácio se incendiar.
Nisso os soldados que saíram para prender as mulheres nas ruas foram mortos
pelas próprias fiéis.
Penteu questiona Dionísio-sacerdote
sobre esse novo deus. Depois o rei disfarça-se de mulher e Dionísio o leva ao
Citerão. O rei se esconde encima de um pinheiro e presencia a loucura das
mulheres, um delírio mútuo, conhecido como doença “dionisíaca”. É uma doença
contagiosa que se transforma em raiva sanguinária. Quando as mulheres percebem
Penteu encima do pinheiro, inclusive a mãe do próprio, Ágave, elas derrubam-no
da árvore e o esquartejam.
Após o estado de delírio de Ágave ter
se dissipado, ela nota o filho em pedaços e passa a sentir um grande estado de
horror.
Após esses incidentes, as mulheres
participantes dos crimes se transformaram em górgonas (mulheres monstruosas com
cobras na cabeça, invés de cabelos, e quem cruzar seu olhar é transformado em
pedra).
Ágave e Cadmo se exilam, enquanto
Dionísio prossegue em suas viagens.
“Em Tebas haverá até mesmo um culto a
ele, que conquistou a cidade, não para expulsar deli os outros deuses, não para
impor sua religião contra a dos outros, mas para que no centro de Tebas, em
pleno coração da cidade, fossem representados, em seu templo, suas festas e seu
culto, o marginal, o vagabundo, o estrangeiro, o anônimo. Como se, à medida que
um grupo humano se recusa a reconhecer o outro e abrir-lhe espaço, esse próprio
grupo se tornasse monstruosamente outro”.
(VERNANT, p. 160 e seg.)
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¹ Baco: termo latino que
designa Dionísio. Através do termo “Baco” e fazendo essa ligação com as orgias
adotadas pelas bacantes, fora originado o termo “bacanal”. (Nota do autor)
REFERÊNCIAS:
Harmonia (mitologia) - Origem: Wikipédia, a
enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Harmonia_%28mitologia%29>. Acesso em: 03 de out. de 2013.
KURY, Mário da Gama. Dicionário
de Mitologia Grega e Romana.
SÓFOCLES. Tragédia Grega Volume
I: A Trilogia Tebana. Rio de Janeiro. Jorge Zahar Editor, 2008. 13ª Ed.
VERNANT, Jean-Pierre. O
universo, os deuses, os homens. São Paulo. Editora Schwarcz, 2008.
MITOLOGIA GREGA PARTE 1: A origem do universo:
MITOLOGIA GREGA PARTE 2: O nascimento
de Afrodite e o reinado de Khrónos:
MITOLOGIA GREGA PARTE 3: Guerra dos
Deuses:
MITOLOGIA GREGA PARTE 4: A cidade de
Mecona e a história de Prometeu:
MITOLOGIA GREGA PARTE 5: Pandora, a
primeira mulher do mundo:
MITOLOGIA GREGA PARTE 6: A Guerra de
Troia:
MITOLOGIA GREGA PARTE 7: A aventura de
Ulisses ou A Odisseia - Parte 1:
MITOLOGIA GREGA PARTE 8: A aventura de
Ulisses ou A Odisseia - Parte 2:
MITOLOGIA GREGA PARTE 9: A aventura de
Ulisses ou A Odisseia - Parte 3:
MITOLOGIA GREGA PARTE 11: A história e
a maldição de Édipo - Parte 1:
MITOLOGIA GREGA PARTE 12: A história e
a maldição de Édipo - Parte 2:
MITOLOGIA GREGA PARTE 13: A história e
a maldição de Édipo - Parte 3:
MITOLOGIA GREGA PARTE 14: A história de
Perseu: