Por: Allan de Oliveira.
Essas
tragédias que ocorrem foram consequências da maldição que o rei Pélope jogou em
Laio. Maldição que caiu em cima do filho que não tinha culpa de nada.
“Quando Édipo já está cego, conta-se
que seus dois filhos vão tratá-lo de modo tão indigno que, por sua vez, ele vai
lançar contra sua prole masculina uma imprecação semelhante à que, outrora,
Pélope proferira contra Laio”.
(VERNANT, p. 177)
Etéocles
e Polinices disputavam o trono de Tebas e eles fazem as piores humilhações com
o pai. Dão a ele a pior carne dos sacrifícios e o trancam numa cela para que
ninguém possa vê-lo por terem vergonha de terem um pai naquela situação. Por
conta dessas humilhações, Édipo amaldiçoa os filhos e eles o expulsam de Tebas.
Ao
ser expulso, Édipo passa a perambular pela Grécia como um mendigo-cego, sendo
conduzido por Antígona até Colono, cidade próxima à Atenas.
O
velho Édipo invocara a proteção dos deuses ao chegar a Colono e depois ele está
a lamentar para sua filha Antígona as poucas esmolas que recebe e quer procurar
saber em qual terra, bem como ouvir os conselhos dos cidadãos. Naquele momento,
eles estão num esconderijo.
Um
homem passa e Antígona avisa ao pai. Este lhe faz perguntas.
Estrangeiro:
“Escuta-me e ouvirás tudo que eu mesmo sei. Este lugar é consagrado; ele
pertence a Poseidon, senhor dos mares; nele mora o titã Prometeu, deus portador
do fogo. O chão que pisas é chamado umbral de bronze destas paragens,
sustentáculo de Atenas. Os campos próximos pretendem que Colono, o
deus equestre cuja estátua vês ali, foi seu primeiro dono, e todos nós daqui
usamos juntos o nome tirado dele. São coisas, estrangeiro, que não merecem
entrar na história; vem-se aqui para aprendê-las”. (KURY, 2008, p. 106)
O
mensageiro vai embora para chamar os anciãos e estes e o Corifeu vão ao
encontro de Édipo. Ele pergunta à Antígona o que fazer e ela diz que eles dois
deverão a partir daquele momento, seguir os costumes da cidade de Colono. Os
dois saem do esconderijo que estavam. Assim que Édipo se identifica, o coro de
anciãos pede para ele partir daquela cidade para que os deuses não os condene.
Antígona intervém e Édipo para se defender diz que precisa conversar com o rei
daquele lugar. Os anciãos dizem que o mensageiro fora buscar o rei Teseu.
O corifeu lhe diz: “A caminhada é
longa, mas as novidades dos viajantes vencem todas as distâncias”. (KURY, 2008, p. 119)
Ismene,
irmã de Antígona e filha meio-irmã de Édipo, chega para dá notícia ao pai-irmão
sobre os seus irmãos Polinices e Etéocles, que estão lutando entre eles para
obter o cetro, ou seja, brigam entre si para quem governará Tebas. Ela também
diz a Édipo que os oráculos afirmaram que os deuses o salvariam e que os
tebanos esperam que Édipo estando vivo ou morto o salvarão.
Ismene
alerta também ao pai que Creonte pretende levá-lo para as cidades vizinhas de
Tebas, sem querê-lo por lá.
Édipo
por odiar os filhos tem como desejo que os deuses façam eles se matarem em
combate. Esse ódio se deu por conta dos seus próprios filhos serem seus
próprios inimigos.
Édipo
ao conversar com o Corifeu de Atenas, diz a ele que pretende ser o salvador
daquela cidade. O corifeu sugere a ele fazer um sacrifício às deusas, dizendo
como esse sacrifício deverá ser feito.
Após
alguns instantes, Teseu, rei de Atenas, chega para conversar com Édipo, sabendo
de quem se trata e fala do exílio que também sofrera no passado. Porque ele
como Édipo passara a infância longe do lugar que nascera e na adolescência
descobrira ser filho de Egeu. E diz a Édipo:
“- Por isso, a nenhum forasteiro igual
a ti eu hoje poderia recusar ajuda”.
(SÓFOCLES)
Édipo,
emocionado, diz a Teseu que pretende beneficiá-lo. Depois o rei de Atenas se
vai com sua escolta.
Nesse
ínterim chega Creonte com sua escolta tebana, dizendo aos anciãos atenienses
que pretendem levar Édipo de volta a Tebas a pedido dos habitantes. Mas, Édipo
se recusa em retornar. Creonte passa a fazer chantagem, dizendo que capturou
Ismene e depois irá capturar Antígona. Nisso, ele dá ordens aos soldados para
levarem Antígona e o corifeu ateniense intervém, enquanto Creonte está
segurando a moça. O corifeu grita por ajuda e os soldados tebanos levam
Antígona.
Surge
uma discursão entre Creonte e o corifeu, e Teseu aparece.
Édipo
conta a Teseu o ocorrido com a filha e Teseu manda seu séquito chamar o povo de
Atenas para trazer de volta as filhas de Édipo e obriga a Creonte a levá-lo ao
lugar onde estão as moças.
Pouco
depois, Teseu com sua escolta volta com Antígona e Ismene e Édipo agradece ao
rei. Este lhe fala sobre os rumores que ouvira a cerca de que um parente de
Édipo estava no altar de Poseidon e que esse parente se trata de Polinices e
que ele quer ter uma conversa com Édipo. No entanto, Édipo diz a Teseu que não quer
conversar com Polinices por odiá-lo por conta dos maus tratos recebidos por
ele. Mas, Antígona aconselha ao pai a ouvir seu filho e ele acaba cedendo ao
pedido da filha.
Antígona
avisa ao pai que Polinices se aproxima e ele está com lágrimas nos olhos.
Ao
chegar, Polinices diz a Édipo que ele fora exilado por ter ocorrido desavenças
com o irmão. Porém, Édipo nada responde. Mas, depois, Édipo conversa com o
filho, chamando-o de ambicioso e que teve uma grande falta de consideração para
com ele mesmo, dizendo:
“- É tua culpa se vivo nesta miséria,
pois me expulsaste, e se levo uma vida errante de mendigo pedindo o pão de cada
dia, tu és a causa. E se eu não tivesse gerado estas meninas a quem devo o meu
sustento, e dependesse só de ti para viver, já estaria morto.
(...)
Etéocles e tu nasceram de outro pai, e não de mim”.
(SÓFOCLES)
Édipo
profetiza que os filhos irão se matar.
O
corifeu de Atenas pede a Polinices para se retirar e este com suas súplicas e
envergonhado, pede ajuda às irmãs e Antígona o aconselha a retirar seus
exércitos de Tebas e tomar cuidado com as profecias de Édipo.
Antígona
e Ismene tentam abraçar Polinices, mas este se afasta para evitá-las e se
retira.
Com
a retirada de Polinices, ouve-se o estrondo de um trovão provido de Zeus.
Édipo
diz às filhas que a hora da sua morte está próxima e manda chamar Teseu. Ao
chegar, ele pergunta o motivo da sua chamada e o outro anuncia que em breve
morrerá porque os trovões de Zeus se tornaram repetitivos.
Édipo
pede ao rei que ao morrer, seu túmulo jamais seja revelado porque no futuro
quando Atenas precisar de ajuda, seu espírito retornará para ajudar.
Retiram-se
Édipo, Teseu e seu séquito, e as filhas de Édipo. Instantes depois chega o
mensageiro anunciando que Édipo acabara de falecer e alcançara a vida eterna.
O
mensageiro conta que a morte se dera da seguinte forma: Édipo pediu às filhas
para lhe trazer água corrente para ele se lavar e fazer as libações. Elas levam
a água para o pai e o lavam e o vestem com roupas cerimoniais. E nesse momento
fora ouvido um estrondo de um trovão e as moças haviam se assustado. Édipo se
despedira das filhas e ouve-se a voz de um deus. A voz diz:
“- Por que tardamos tanto a pôr-nos a
caminho, Édipo? Fazes-te esperar há muito tempo”. (SÓFOCLES, p. 188)
Depois
Épido chama Teseu, pedindo-o para cuidar das suas filhas e depois de saírem,
permanecendo, somente, Teseu, Édipo desaparecera ao ser sugado para dentro
dela, da rocha em que ele estava, a rocha que leva à entrada do Hades.
Instantes
depois Teseu retorna ao local onde o mensageiro estava e as filhas de Édipo
pedem para ele levá-las ao local onde o pai falecera. Porém, o rei não atende
ao pedido das moças por procurar cumprir com o pedido de Édipo. Assim, eles
desistem disso e pedem ao rei para manda-las de volta à Tebas para impedir a
guerra que estar por vir.
(Continua)
REFERÊNCIAS:
KURY, Mário da Gama. Dicionário
de Mitologia Grega e Romana.
RECANTO DAS LETRAS – Édipo em Colono e
Antígona. Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/1076161>. Acesso em: 23 de ago. de 2013.
SÓFOCLES. Tragédia Grega Volume
I: A Trilogia Tebana. Rio de Janeiro. Jorge Zahar Editor, 2008. 13ª Ed.
VERNANT, Jean-Pierre. O
universo, os deuses, os homens. São Paulo. Editora Schwarcz, 2008.
MITOLOGIA GREGA PARTE 1: A origem do universo:
MITOLOGIA GREGA PARTE 2: O nascimento
de Afrodite e o reinado de Khrónos:
MITOLOGIA GREGA PARTE 3: Guerra dos
Deuses:
MITOLOGIA GREGA PARTE 4: A cidade de
Mecona e a história de Prometeu:
MITOLOGIA GREGA PARTE 5: Pandora, a
primeira mulher do mundo:
MITOLOGIA GREGA PARTE 6: A Guerra de
Troia:
MITOLOGIA GREGA PARTE 7: A aventura de
Ulisses ou A Odisseia - Parte 1:
MITOLOGIA GREGA PARTE 8: A aventura de
Ulisses ou A Odisseia - Parte 2:
MITOLOGIA GREGA PARTE 9: A aventura de
Ulisses ou A Odisseia - Parte 3:
MITOLOGIA GREGA PARTE 10: A história de
Dionísio:
MITOLOGIA GREGA PARTE 11: A história e
a maldição de Édipo - Parte 1:
MITOLOGIA GREGA PARTE 13: A história e
a maldição de Édipo - Parte 3:
MITOLOGIA GREGA PARTE 14: A história de
Perseu: