MITOLOGIA GREGA XII: A história e a maldição de Édipo (Parte II)


Por: Allan de Oliveira.

 

Essas tragédias que ocorrem foram consequências da maldição que o rei Pélope jogou em Laio. Maldição que caiu em cima do filho que não tinha culpa de nada.

 

“Quando Édipo já está cego, conta-se que seus dois filhos vão tratá-lo de modo tão indigno que, por sua vez, ele vai lançar contra sua prole masculina uma imprecação semelhante à que, outrora, Pélope proferira contra Laio”. (VERNANT, p. 177)

 

Etéocles e Polinices disputavam o trono de Tebas e eles fazem as piores humilhações com o pai. Dão a ele a pior carne dos sacrifícios e o trancam numa cela para que ninguém possa vê-lo por terem vergonha de terem um pai naquela situação. Por conta dessas humilhações, Édipo amaldiçoa os filhos e eles o expulsam de Tebas.

 

Ao ser expulso, Édipo passa a perambular pela Grécia como um mendigo-cego, sendo conduzido por Antígona até Colono, cidade próxima à Atenas.

 

O velho Édipo invocara a proteção dos deuses ao chegar a Colono e depois ele está a lamentar para sua filha Antígona as poucas esmolas que recebe e quer procurar saber em qual terra, bem como ouvir os conselhos dos cidadãos. Naquele momento, eles estão num esconderijo.

 

Um homem passa e Antígona avisa ao pai. Este lhe faz perguntas.

 

Estrangeiro: “Escuta-me e ouvirás tudo que eu mesmo sei. Este lugar é consagrado; ele pertence a Poseidon, senhor dos mares; nele mora o titã Prometeu, deus portador do fogo. O chão que pisas é chamado umbral de bronze destas paragens, sustentáculo  de Atenas. Os campos próximos pretendem que Colono, o deus equestre cuja estátua vês ali, foi seu primeiro dono, e todos nós daqui usamos juntos o nome tirado dele. São coisas, estrangeiro, que não merecem entrar na história; vem-se aqui para aprendê-las”. (KURY, 2008, p. 106)

 

O mensageiro vai embora para chamar os anciãos e estes e o Corifeu vão ao encontro de Édipo. Ele pergunta à Antígona o que fazer e ela diz que eles dois deverão a partir daquele momento, seguir os costumes da cidade de Colono. Os dois saem do esconderijo que estavam. Assim que Édipo se identifica, o coro de anciãos pede para ele partir daquela cidade para que os deuses não os condene. Antígona intervém e Édipo para se defender diz que precisa conversar com o rei daquele lugar. Os anciãos dizem que o mensageiro fora buscar o rei Teseu.

 

O corifeu lhe diz: “A caminhada é longa, mas as novidades dos viajantes vencem todas as distâncias”. (KURY, 2008, p. 119)

 

Ismene, irmã de Antígona e filha meio-irmã de Édipo, chega para dá notícia ao pai-irmão sobre os seus irmãos Polinices e Etéocles, que estão lutando entre eles para obter o cetro, ou seja, brigam entre si para quem governará Tebas. Ela também diz a Édipo que os oráculos afirmaram que os deuses o salvariam e que os tebanos esperam que Édipo estando vivo ou morto o salvarão.

 

Ismene alerta também ao pai que Creonte pretende levá-lo para as cidades vizinhas de Tebas, sem querê-lo por lá.

 

Édipo por odiar os filhos tem como desejo que os deuses façam eles se matarem em combate. Esse ódio se deu por conta dos seus próprios filhos serem seus próprios inimigos.

 

Édipo ao conversar com o Corifeu de Atenas, diz a ele que pretende ser o salvador daquela cidade. O corifeu sugere a ele fazer um sacrifício às deusas, dizendo como esse sacrifício deverá ser feito.

 

 

Após alguns instantes, Teseu, rei de Atenas, chega para conversar com Édipo, sabendo de quem se trata e fala do exílio que também sofrera no passado. Porque ele como Édipo passara a infância longe do lugar que nascera e na adolescência descobrira ser filho de Egeu. E diz a Édipo:

 

“- Por isso, a nenhum forasteiro igual a ti eu hoje poderia recusar ajuda”. (SÓFOCLES)

 

Édipo, emocionado, diz a Teseu que pretende beneficiá-lo. Depois o rei de Atenas se vai com sua escolta.

 

Nesse ínterim chega Creonte com sua escolta tebana, dizendo aos anciãos atenienses que pretendem levar Édipo de volta a Tebas a pedido dos habitantes. Mas, Édipo se recusa em retornar. Creonte passa a fazer chantagem, dizendo que capturou Ismene e depois irá capturar Antígona. Nisso, ele dá ordens aos soldados para levarem Antígona e o corifeu ateniense intervém, enquanto Creonte está segurando a moça. O corifeu grita por ajuda e os soldados tebanos levam Antígona.

 

Surge uma discursão entre Creonte e o corifeu, e Teseu aparece.

 

Édipo conta a Teseu o ocorrido com a filha e Teseu manda seu séquito chamar o povo de Atenas para trazer de volta as filhas de Édipo e obriga a Creonte a levá-lo ao lugar onde estão as moças.

 

Pouco depois, Teseu com sua escolta volta com Antígona e Ismene e Édipo agradece ao rei. Este lhe fala sobre os rumores que ouvira a cerca de que um parente de Édipo estava no altar de Poseidon e que esse parente se trata de Polinices e que ele quer ter uma conversa com Édipo. No entanto, Édipo diz a Teseu que não quer conversar com Polinices por odiá-lo por conta dos maus tratos recebidos por ele. Mas, Antígona aconselha ao pai a ouvir seu filho e ele acaba cedendo ao pedido da filha.

 

Antígona avisa ao pai que Polinices se aproxima e ele está com lágrimas nos olhos.

 

Ao chegar, Polinices diz a Édipo que ele fora exilado por ter ocorrido desavenças com o irmão. Porém, Édipo nada responde. Mas, depois, Édipo conversa com o filho, chamando-o de ambicioso e que teve uma grande falta de consideração para com ele mesmo, dizendo:

 

“- É tua culpa se vivo nesta miséria, pois me expulsaste, e se levo uma vida errante de mendigo pedindo o pão de cada dia, tu és a causa. E se eu não tivesse gerado estas meninas a quem devo o meu sustento, e dependesse só de ti para viver, já estaria morto.

 (...)

 Etéocles e tu nasceram de outro pai, e não de mim”.

(SÓFOCLES)

 

Édipo profetiza que os filhos irão se matar.

 

O corifeu de Atenas pede a Polinices para se retirar e este com suas súplicas e envergonhado, pede ajuda às irmãs e Antígona o aconselha a retirar seus exércitos de Tebas e tomar cuidado com as profecias de Édipo.

 

Antígona e Ismene tentam abraçar Polinices, mas este se afasta para evitá-las e se retira.

 

Com a retirada de Polinices, ouve-se o estrondo de um trovão provido de Zeus.

 

Édipo diz às filhas que a hora da sua morte está próxima e manda chamar Teseu. Ao chegar, ele pergunta o motivo da sua chamada e o outro anuncia que em breve morrerá porque os trovões de Zeus se tornaram repetitivos.

 

Édipo pede ao rei que ao morrer, seu túmulo jamais seja revelado porque no futuro quando Atenas precisar de ajuda, seu espírito retornará para ajudar.

 

Retiram-se Édipo, Teseu e seu séquito, e as filhas de Édipo. Instantes depois chega o mensageiro anunciando que Édipo acabara de falecer e alcançara a vida eterna.

 

O mensageiro conta que a morte se dera da seguinte forma: Édipo pediu às filhas para lhe trazer água corrente para ele se lavar e fazer as libações. Elas levam a água para o pai e o lavam e o vestem com roupas cerimoniais. E nesse momento fora ouvido um estrondo de um trovão e as moças haviam se assustado. Édipo se despedira das filhas e ouve-se a voz de um deus. A voz diz:

 

“- Por que tardamos tanto a pôr-nos a caminho, Édipo? Fazes-te esperar há muito tempo”. (SÓFOCLES, p. 188)

 

Depois Épido chama Teseu, pedindo-o para cuidar das suas filhas e depois de saírem, permanecendo, somente, Teseu, Édipo desaparecera ao ser sugado para dentro dela, da rocha em que ele estava, a rocha que leva à entrada do Hades.

 

Instantes depois Teseu retorna ao local onde o mensageiro estava e as filhas de Édipo pedem para ele levá-las ao local onde o pai falecera. Porém, o rei não atende ao pedido das moças por procurar cumprir com o pedido de Édipo. Assim, eles desistem disso e pedem ao rei para manda-las de volta à Tebas para impedir a guerra que estar por vir.

  

(Continua)

  

REFERÊNCIAS:

 

KURY, Mário da Gama. Dicionário de Mitologia Grega e Romana.

 

RECANTO DAS LETRAS – Édipo em Colono e Antígona. Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/1076161>. Acesso em: 23 de ago. de 2013.

 

SÓFOCLES. Tragédia Grega Volume I: A Trilogia Tebana. Rio de Janeiro. Jorge Zahar Editor, 2008. 13ª Ed.

 

VERNANT, Jean-Pierre. O universo, os deuses, os homens. São Paulo. Editora Schwarcz, 2008.

  

 MITOLOGIA GREGA PARTE 1: A origem do universo:

https://bit.ly/3xJrAIT

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 2: O nascimento de Afrodite e o reinado de Khrónos:

https://bit.ly/3aON1PN

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 3: Guerra dos Deuses:

https://bit.ly/3O9rFef

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 4: A cidade de Mecona e a história de Prometeu:

https://bit.ly/3QhveRC

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 5: Pandora, a primeira mulher do mundo:

https://bit.ly/3Qk0y2f

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 6: A Guerra de Troia:

https://bit.ly/3MYMpER

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 7: A aventura de Ulisses ou A Odisseia - Parte 1:

https://bit.ly/3Qkf5L0

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 8: A aventura de Ulisses ou A Odisseia - Parte 2:

https://bit.ly/3HkcEo0

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 9: A aventura de Ulisses ou A Odisseia - Parte 3:

https://bit.ly/3OblFSl

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 10: A história de Dionísio:

https://bit.ly/3HkRENF

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 11: A história e a maldição de Édipo - Parte 1:

https://bit.ly/3QhwcNK

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 13: A história e a maldição de Édipo - Parte 3:

https://bit.ly/3aRRvFe

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 14: A história de Perseu:

https://bit.ly/3MLfQK4


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Escritor, pesquisador, blogueiro, e Youtuber que visa através deste blog a circulação de textos próprios, bem como o de pessoas amigas, no intuito de incentivar as artes que há dentro de cada um de nós, e também a divulgação de culturas em geral. Contato: contatoallandeoliveira@gmail.com

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