Antígona,
por Frederic Leighton.
Por: Allan de Oliveira.
Após
Édipo ter falecido e por conta das divergências entre seus filhos por causa do
trono, Polinices e Etéocles fazem um acordo para que cada um deles permaneça no
trono num período de um ano com revezamento entre eles após o período.
Etéocles
é o primeiro a ficar no trono e após o término do período ele não quis ceder o
lugar ao irmão por ter se casado com a filha do rei Adrasto, rei de Argos,
contrariando Tebas por ter se aliado a esta cidade rival. Adrasto apoia
Polinices com alguns dos seus soldados e surge uma guerra entre os dois irmãos
em que eles se matam.
Creonte
assume o trono, proibindo o sepultamento de Polinices sob pena de morte a quem
o fizer por considerar esse príncipe como um traidor de Tebas, por ele ter se
aliado a Argos, pretendendo deixar seu corpo ser devorado por cães e por
pássaros carnívoros. Enquanto, o sepultamento de Etéocles é feito porque ele
“lutou” por Tebas, revelando o seu patriotismo.
Antígona
e Ismene conversam sobre a situação em que encontra, e Antígona pedira a Ismene
para ajudá-la a enterrar Polinices, mas esta outra teme as ordens do novo rei.
Antígona então lhe diz:
“- [...] repousarei ao lado dele, amada
por quem tanto amei e santo é o meu delito, pois terei de amar aos mortos
muito, muito tempo mais que aos vivos. Eu jazerei eternamente sob a terra e tu,
se queres, foges à lei mais cara aos deuses”. (SÓFOCLES, p. 204)
Creonte
conversa com os anciãos e com um guarda que lhe diz que o cadáver de Plinices
desaparecera. Esta notícia contraria Creonte que se enraivece e se retira. O
guarda deseja saber quem foi o autor da proeza e vai a procura. Minutos depois,
ele retorna, conduzindo Antígona, levando à presença do corifeu tebano,
dizendo-lhe que a vira procurando fazer cerimônia para o cadáver de Polinices.
Depois Creonte retorna, e por achar estranho a captura de Antígona, pergunta o
que houve e o guarda lhe revela o ocorrido. Antígona, no entanto, assume o
feito.
“CREONTE: - E te atreveste a
desobedecer às leis?
ANTÍGONA: - Mas Zeus não foi o arauto
delas para mim, nem essas leis são as ditadas entre os homens pela Justiça,
companheira de morada dos deuses infernais; e não me pareceu que tuas
determinações tivessem força para impor aos mortais até a obrigação de
transgredir normas divinas, não escritas, inevitáveis; não é de hoje, não é de
ontem, é desde os tempos mais remotos que elas vigem, sem que ninguém possa
dizer quando surgiram”. (SÓFOCLES, p. 219)
Os
guardas saem e voltam com Ismene porque ela deseja morrer junto à irmã, mas
Antígona não acha justo. Creonte sustenta pede aos guardas para levarem as duas
moças.
Instantes
depois, Hêmon, filho mais novo de Creonte e noivo de Antígona, aparece em cena
e seu pai lhe pergunta se há algum problema quanto à sua decisão em relação à
sentença de Antígona. Hêmon lhe responde:
“- Sou teu, meu pai. Com teus conselhos
úteis traças minha conduta certa; casamento algum me importa mais que tua reta
orientação”. (SÓFOCLES, p. 229)
Creonte
lhe diz:
“- Existirá, então, ferida mais
pungente que uma esposa má? Deves repudiá-la como inimiga; deixa a moça
desposar alguém lá no outro mundo”.
(SÓFOCLES, p. 229)
Porém,
Creonte nota que seu filho não está satisfeito com suas ordens e ele se
enfurece, dizendo:
“-Devemos apoiar, portanto, a boa
ordem, não permitindo que nos vença uma mulher. Se fosse inevitável, mal menor
seria cair vencido por um homem, escapando à triste fama de mais fraco que as
mulheres!”. (SÓFOCLES, p. 230)
Após
alguma discussão, Creonte manda os guardas buscarem Antígona e Hêmon sai de
cena. O corifeu pergunta a Creonte de que forma Antígona morrerá e ele lhe diz
que dará ordens para enterrá-la viva numa caverna. Os guardas tornam a levar,
novamente, Antígona.
Tirésias
aparece, sendo guiado por um garoto, dizendo a Creonte que ouvira o agouro de
aves e ele procurou fazer um sacrifício. Porém, a carne do animal não queimava
e a gordura apagava o fogo. Daí ele descobrira através do garoto que os agouros
das aves quando são executados fazem com que os holocautos não se manifestem.
Tirésias ao contar estes fatos diz a Creonte:
“- [...] E é por tua causa, por tuas
decisões, que está enferma Tebas. Nossos altares todos e o fogo sagrado estão
poluídos por carniça do cadáver do desditoso filho de Édipo, espalhada pelas
aves e pelos cães; por isso os deuses já não escutam nossas preces nem aceitam
os nossos sacrifícios, nem sequer as chamas das coxas; nem os pássaros dão
sinais claros com seus gritos estrídulos, pois já provaram gordura e sangue de
homem podre. Pensa, então, em tudo isso, filho. Os homens todos erram mas quem
comete um erro não é insensato, nem sofre pelo mal que fez, se o remedia em vez
de preferir mostrar-se inabalável; de fato, a intransigência leva à estupidez.
Cede ao defunto, então! Não firas um cadáver! Matar de novo um morto é prova de
coragem? Pensei só no teu bem e é por teu bem que falo. Convém ouvir a fala do
bom conselheiro se seus conselhos são para nosso proveito”. (SÓFOCLES, p. 244)
Mas,
Creonte com sua dureza da alma não quer voltar atrás em sua decisão. E Tirésias
volta a adverti-lo:
“- Então fica sabendo, e bem, que não
verás o rápido carro do sol dar muitas voltas antes de ofereceres um parente
morto como resgate certo de mais gente morta, pois tu lançaste às profundezas
um ser vivo e ignobilmente o sepultaste, enquanto aqui reténs um morto sem
exéquias, insepulto, negado aos deuses ínferos. Não tens, nem tu, nem mesmo os
deuses das alturas, tal direito; isso é violência tua ousada contra os céus!
Estão por isso à tua espreita as vingativas, terríveis Fúrias dos infernos e
dos deuses, para que sejas vítima dos mesmos males”. (SÓFOCLES, p. 247)
Depois
o velho adivinho pede ao garoto para levá-lo à casa em que eles moram. O
corifeu adverte ao rei para soltar Antígona da prisão subterrânea e sepultar o
corpo de Polinices por temer as advertências de Tirésias. Neste momento, chega
um mensageiro, dizendo ao cofireu que Hêmon se matara causa da sentença de
Antígona dada por seu pai.
Chega
a esposa de Creonte e mãe de Hêmon, Eurídice. Ele pergunta ao mensageiro o que
houve e esse outro lhe respondera que estava seguindo com Creonte ao local onde
se encontrava o corpo de Polinices, eles fizeram orações a Hades e à deusa das
encruzilhadas, Hécate, para procurarem aliviar a raiva dos deuses. Depois
lavaram o cadáver e o cremaram, enterrando as cinzas. Feito isso, se dirigiram
ao local em que estava Antígona. No entanto, um dos guardas contou a Creonte
que ouvira gemidos provenientes da alcova em que estava Antígona e Creonte e
Hêmon chegaram ao local, se deparando com o corpo da mesma que fora
estrangulado com o laço do próprio véu. Hêmon com raiva do pai tentou matá-lo.
Mas, ao errar o golpe, Hêmon acabou por golpear ele mesmo, abrando o cadáver da
sua noiva e morrer junto a ela.
Ao
ouvir as palavras do mensageiro, Eurídice se retirara silenciosamente,
retornando ao palácio. Depois da saída do mensageiro, Creonte retorna trazendo
consigo o corpo do filho e se lamentando.
Outro
mensageiro sai correndo do palácio, dizendo a Creonte que Eurídice acabara de
se matar, enfiando um punhal no fígado após se lamentar a morte de Megareu,
filho que morrera defendendo Tebas, e Hêmon, amaldiçoando também o próprio
esposo. Ao ter recebido a notícia, Creonte passa a sofrer mais ainda, vendo
depois os criados do palácio levando o corpo da sua esposa. Desesperado,
Creonte pede ao corifeu e ao mensageiro para levá-lo para bem longe da cidade
para se matar. Mas, eles o levam ao palácio e Creontes ficará a se lamentar
todos esses acontecimentos providos de sua parte.
(continua)
REFERÊNCIAS:
KURY, Mário da Gama. Dicionário
de Mitologia Grega e Romana.
RECANTO DAS LETRAS – Édipo em Colono e
Antígona. Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/1076161>. Acesso em: 23 de ago. de 2013.
SÓFOCLES. Tragédia Grega Volume
I: A Trilogia Tebana. Rio de Janeiro. Jorge Zahar Editor, 2008. 13ª Ed.
VERNANT, Jean-Pierre. O
universo, os deuses, os homens. São Paulo. Editora Schwarcz, 2008.
MITOLOGIA GREGA PARTE 2: O nascimento
de Afrodite e o reinado de Khrónos:
MITOLOGIA GREGA PARTE 3: Guerra dos
Deuses:
MITOLOGIA GREGA PARTE 4: A cidade de
Mecona e a história de Prometeu:
MITOLOGIA GREGA PARTE 5: Pandora, a
primeira mulher do mundo:
MITOLOGIA GREGA PARTE 6: A Guerra de
Troia:
MITOLOGIA GREGA PARTE 7: A aventura de
Ulisses ou A Odisseia - Parte 1:
MITOLOGIA GREGA PARTE 8: A aventura de
Ulisses ou A Odisseia - Parte 2:
MITOLOGIA GREGA PARTE 9: A aventura de
Ulisses ou A Odisseia - Parte 3:
MITOLOGIA GREGA PARTE 10: A história de
Dionísio:
MITOLOGIA GREGA PARTE 11: A história e
a maldição de Édipo - Parte 1:
MITOLOGIA GREGA PARTE 12: A história e
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MITOLOGIA GREGA PARTE 14: A história de
Perseu: