MITOLOGIA GREGA XIV: A história de Perseu


 

Por: Allan de Oliveira.

 


A história se inicia quando Acrísio e seu irmão gêmeo, Proitos, brigavam no ventre da mãe, Aglaia, para assumirem o trono do vale Argólida assim que nascecem. Porém, quam acaba assumindo o trono é Acrísio, enquanto Proitos assume o de Tirinto. Anos depois, Acrísio viajara a Delfos para consultar o oráculo e saber se terá um filho que o suceda porque ele tinha apenas uma filha, Dânae, e não um filho para governar o reino. Mas, o oráculo respondera que ele terá um neto que o matará. Para que essa tragédia não se cumpra, Acrísio mandou construir uma prisão de bronze subterrânea, dando ordens para os guardas prenderem sua filha e também a criada da moça.

 

Zeus ao ter visto Dânae se encantara com a beleza da moça e a cobiçou ardentemente. Ele se transforma numa chuva de ouro para se introduzir na prisão de bronze, aparecendo ao lado da moça, e depois, se materializando em sua forma original para possui a bela Dânae que meses depois engravidara e dá a luz ao lendário semideus Perseu.

 

Certo dia, ao ter passado ao lado da prisão, Acrísio ouviu os gritos do bebê e mandou abrir a prisão de bronze. Ao se deparar com o recém-nascido, ele interrogou a filha e a criada, pensando que essa outra introduzira um homem para ter possuído Dânae. Mas, a filha do rei dissera a verdade ao pai e ele não acreditou. Enfurecido, Acrísio sacrificou a criada no altar de Zeus e depois ordenou a um carpinteiro para ser feito uma caixa grande de madeira para ser colocada dentro a própria filha e o neto. Com a moça e o bebê trancados na grande caixa de madeira, Acrísio jogou-a ao mar. A caixa flutuou pelos águas até chegar à ilha de Serifo. Um pescador chamado Díctis, irmão de Polidectes (rei de Serifo) vira a caixa e a tirou do mar. Ao abrir, encontrou Dânae e o bebê Perseu ainda vivos. Díctis os levou à sua morada, acolhendo-os como pessoas da família.

 

Díctis ao ter visto Dânae pela primeira vez se encantara com a beleza da moça, mas preferiu respeitá-la. Já Polidectes ao ter visto a moça, se apaixonou, desejando-a a qualquer preço. Porém, Perseu já era um homem e ele vigiava a mãe 24h por dia. O rei resolveu dá um banquete. Os convidados levam presentes a ele. Perseu perguntara ao rei o que ele queria de presente e esse lhe respondera que desejava muito a cabeça de uma górgona. Essa sugestão de Polidectes era, na verdade, para manter o jovem distante por uns tempos para ele poder conquistar a mãe do mesmo.

 

E quanto às górgonas?

 

“Ninguém sabe onde se escondem. São monstros pavorosos, três irmãs que formam um grupo de seres monstruosos, assassinos, sendo que duas delas são imortais e a terceira, que se chama Medusa, é mortal. É a cabeça de Medusa que ele tem de trazer”. (VERNANT, p. 184)

 

Perseu ao ter ido em busca do seu objetivo, passara por várias provas, sendo ajudado pelos deuses, principalmente, por Atena e Hermes. A primeira prova dele seria abordar o trio de bruxas, as Graias, que são filhas dos monstros Fórcis e Ceto. As Graias para enxergarem têm disponíveis apenas um olho, e um dentre para morderem algo, que elas passam entre elas. Para a prova de Perseu ter êxito, ele precisava pegar o olho e o dente dessas horríveis bruxas.

 

“Perseu não se engana. Vê o instante em que o olho está disponível, e o agarra. Também apanha o dente. As Graias ficam num estado pavoroso, gritando de raiva e de dor, cegas e sem dente. Imortais, estão reduzidas a nada. Obrigadas a implorar a Perseu que lhes devolva o olho e o dente, estão dispostas a lhe oferecer qualquer coisa em troca. A única coisa que ele quer é que lhe indiquem o lugar onde residem as jovens Nýmphai, as Ninfas, e o caminho para chegar lá”. (VERNANT, p. 186)

 

As ninfas também são três e elas são muito acolhedoras e disponíveis. Elas indicam a Perseu o lugar onde estão as górgonas, presenteando-o com objetos mágicos, as sandálias aladas, semelhantes, às de Hermes; o capacete de Hades que dá o poder da invisibilidade, e a kísibis que é uma mochila.

 

Hermes também presenteia Perseu, dando a ele a Harpe, a foice curvada que Cronos usou para mutilar Urano.

 

Armado até os dentes, Perseu seguiu voando rumo às górgonas. Elas são mulheres que nas cabeças no lugar de cabelos há serpentes e quem cruzar seu olhar, imediatamente, é transformado em pedra.

 

De acordo com VERNANT, quando um ser humano é transformado em pedra: “Não é apenas a morte que enfrentamos, é a metamorfose que nos faz passar do reino humano ao reino mineral e, portanto, ao que há de mais contrário à natureza humana. Disso ninguém escapa”. (VERNANT, p. 188)

 

Quando Perseu chegou à morada das górgonas, para ele não cruzar o olhar da Medusa, ele utiliza do escudo como espelho, conseguindo degolar o monstro e colocando a cabeça do mesmo dentro da kísibis. Isso acontece quando as outras duas górgonas estão dormindo. Mas, elas acordam aos gritos estridentes dados pela Medusa e tentam agarrar Perseu. Porém, ele consegue voar e ficar invisível, conseguindo escapar.

 

Quando está voando, Perseu passa pela Etiópia e do alto vê uma linda donzela, Andrômeda, que está amarrada a um penhasco. Andrômeda fora colocada lá por seu pai, o rei Cefeu, por estar com muito medo pelo fato do reino viver uma fase de desgraças, e a filha serviria como sacrifício a um monstro marinho. Perseu procura pelo rei Cefeu para lhe fazer uma proposta que se ele conseguir libertar a moça e matar o monstro, ela será sua esposa. O rei aceita, mas sem muitas esperanças. No entanto, Perseu consegue matar o monstro, salvando a bela Andrômeda de uma tragédia. Após a vitória eles permanecem um tempo na praia.

 

“Perseu põe a cabeça de Medusa na areia, de tal forma que os olhos do monstro ficam ligeiramente para fora da mochila. O olhar de Medusa estende-se rente à água; as algas que boiavam flexíveis, moles, vivas, são solidificadas, petrificadas, transformando em corais sangrentos. Por isso é que há no mar algas mineralizadas: o olhar de Medusa as transformou em pedra, no meio das ondas”. (VERNANT, p. 190)

 

Perseu leva Andrômeda à Ilha de Serifo. Lá, sua mãe e Díctis estão refugiados num santuário escondido de Polidectes que desejava matá-los. Tendo ciência destes fatos, o semideus manda alguém dizer ao rei que está de volta com o seu presente. Polidectes resolve dar um banquete. Ao comparecer ao evento, Perseu puxa da kísibis a cabeça da medusa e todos os presentes e inclusive, Polidectes, por conta da sua curiosidade se transformam em pedra. Após esse incidente, o filho de Dânae deseja se reconciliar com seu avô Acrísio, mandando um recado para ele, dizendo que fará uma visita a Argos. Acrísio com medo de morrer como dissera o oráculo, fugira, seguindo para uma cidade vizinha que está havendo uma competição esportiva. Ao chegar ao local do evento, Perseu é convidado para participar do lançamento de discos. Por descuido, Perseu ao lançar o disco, este acaba caindo aos pés de Acrísio, causando um ferimento mortal.

 

“O rei morre, mas Perseu hesita em subir ao trono de Argos, que é seu. Suceder ao rei cuja morte ele causou não lhe parece adequado. Para promover a reconciliação familiar, propõe uma troca a Proitos, irmão do falecido rei, e que reina em Tirinto: ele subirá ao trono de Argos, enquanto Perseu ocupará seu lugar em Tirinto”. (VERNANT, p. 191)

 

O lendário herói entrega de volta aos deuses os presentes recebidos. Com a cabeça da Medusa ele presenteia a deusa Atenas que a transforma na peça central do seu equipamento de guerra.

 

“Voltando a ser um simples mortal, o herói cuja façanha o transformara por tanto tempo em um “senhor da morte”, um dia também morrerá, como qualquer um de nós. Mas, para homenagear o jovem que ousou desafiar a Górgona de olhar petrificante, Zeus transporta Perseu para o céu, onde o fixa na forma das estrelas da constelação que leva seu nome e que, na escura abóbada noturna, desenha sua figura em pontos luminosos visíveis por todos, para sempre”. (VERNANT, p. 192)

 

 

REFERÊNCIAS:

 

KURY, Mário da Gama. Dicionário de Mitologia Grega e Romana.

VERNANT, Jean-Pierre. O universo, os deuses, os homens. São Paulo. Editora Schwarcz, 2008.

 

 MITOLOGIA GREGA PARTE 1: A origem do universo:

https://bit.ly/3xJrAIT

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 2: O nascimento de Afrodite e o reinado de Khrónos:

https://bit.ly/3aON1PN

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 3: Guerra dos Deuses:

https://bit.ly/3O9rFef

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 4: A cidade de Mecona e a história de Prometeu:

https://bit.ly/3QhveRC

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 5: Pandora, a primeira mulher do mundo:

https://bit.ly/3Qk0y2f

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 6: A Guerra de Troia:

https://bit.ly/3MYMpER

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 7: A aventura de Ulisses ou A Odisseia - Parte 1:

https://bit.ly/3Qkf5L0

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 8: A aventura de Ulisses ou A Odisseia - Parte 2:

https://bit.ly/3HkcEo0

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 9: A aventura de Ulisses ou A Odisseia - Parte 3:

https://bit.ly/3OblFSl

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 10: A história de Dionísio:

https://bit.ly/3HkRENF

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 11: A história e a maldição de Édipo - Parte 1:

https://bit.ly/3QhwcNK

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 12: A história e a maldição de Édipo - Parte 2:

https://bit.ly/3xLkxzE

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 13: A história e a maldição de Édipo - Parte 3:

https://bit.ly/3aRRvFe


Literatura TV

Escritor, pesquisador, blogueiro, e Youtuber que visa através deste blog a circulação de textos próprios, bem como o de pessoas amigas, no intuito de incentivar as artes que há dentro de cada um de nós, e também a divulgação de culturas em geral. Contato: contatoallandeoliveira@gmail.com

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