Por: Allan de Oliveira.
A
história se inicia quando Acrísio e seu irmão gêmeo, Proitos, brigavam no
ventre da mãe, Aglaia, para assumirem o trono do vale Argólida assim que
nascecem. Porém, quam acaba assumindo o trono é Acrísio, enquanto Proitos
assume o de Tirinto. Anos depois, Acrísio viajara a Delfos para consultar o
oráculo e saber se terá um filho que o suceda porque ele tinha apenas uma filha,
Dânae, e não um filho para governar o reino. Mas, o oráculo respondera que ele
terá um neto que o matará. Para que essa tragédia não se cumpra, Acrísio mandou
construir uma prisão de bronze subterrânea, dando ordens para os guardas
prenderem sua filha e também a criada da moça.
Zeus
ao ter visto Dânae se encantara com a beleza da moça e a cobiçou ardentemente.
Ele se transforma numa chuva de ouro para se introduzir na prisão de bronze,
aparecendo ao lado da moça, e depois, se materializando em sua forma original
para possui a bela Dânae que meses depois engravidara e dá a luz ao lendário
semideus Perseu.
Certo
dia, ao ter passado ao lado da prisão, Acrísio ouviu os gritos do bebê e mandou
abrir a prisão de bronze. Ao se deparar com o recém-nascido, ele interrogou a
filha e a criada, pensando que essa outra introduzira um homem para ter
possuído Dânae. Mas, a filha do rei dissera a verdade ao pai e ele não
acreditou. Enfurecido, Acrísio sacrificou a criada no altar de Zeus e depois
ordenou a um carpinteiro para ser feito uma caixa grande de madeira para ser
colocada dentro a própria filha e o neto. Com a moça e o bebê trancados na
grande caixa de madeira, Acrísio jogou-a ao mar. A caixa flutuou pelos águas
até chegar à ilha de Serifo. Um pescador chamado Díctis, irmão de Polidectes
(rei de Serifo) vira a caixa e a tirou do mar. Ao abrir, encontrou Dânae e o
bebê Perseu ainda vivos. Díctis os levou à sua morada, acolhendo-os como
pessoas da família.
Díctis
ao ter visto Dânae pela primeira vez se encantara com a beleza da moça, mas
preferiu respeitá-la. Já Polidectes ao ter visto a moça, se apaixonou,
desejando-a a qualquer preço. Porém, Perseu já era um homem e ele vigiava a mãe
24h por dia. O rei resolveu dá um banquete. Os convidados levam presentes a
ele. Perseu perguntara ao rei o que ele queria de presente e esse lhe
respondera que desejava muito a cabeça de uma górgona. Essa sugestão de
Polidectes era, na verdade, para manter o jovem distante por uns tempos para
ele poder conquistar a mãe do mesmo.
E
quanto às górgonas?
“Ninguém sabe onde se escondem. São
monstros pavorosos, três irmãs que formam um grupo de seres monstruosos,
assassinos, sendo que duas delas são imortais e a terceira, que se chama
Medusa, é mortal. É a cabeça de Medusa que ele tem de trazer”. (VERNANT, p. 184)
Perseu
ao ter ido em busca do seu objetivo, passara por várias provas, sendo ajudado
pelos deuses, principalmente, por Atena e Hermes. A primeira prova dele seria
abordar o trio de bruxas, as Graias, que são filhas dos monstros Fórcis e Ceto.
As Graias para enxergarem têm disponíveis apenas um olho, e um dentre para
morderem algo, que elas passam entre elas. Para a prova de Perseu ter êxito,
ele precisava pegar o olho e o dente dessas horríveis bruxas.
“Perseu não se engana. Vê o instante em
que o olho está disponível, e o agarra. Também apanha o dente. As Graias ficam
num estado pavoroso, gritando de raiva e de dor, cegas e sem dente. Imortais,
estão reduzidas a nada. Obrigadas a implorar a Perseu que lhes devolva o olho e
o dente, estão dispostas a lhe oferecer qualquer coisa em troca. A única coisa
que ele quer é que lhe indiquem o lugar onde residem as jovens Nýmphai, as Ninfas, e o caminho para
chegar lá”. (VERNANT, p. 186)
As
ninfas também são três e elas são muito acolhedoras e disponíveis. Elas indicam
a Perseu o lugar onde estão as górgonas, presenteando-o com objetos mágicos, as
sandálias aladas, semelhantes, às de Hermes; o capacete de Hades que dá o poder
da invisibilidade, e a kísibis que é uma mochila.
Hermes
também presenteia Perseu, dando a ele a Harpe, a foice curvada que
Cronos usou para mutilar Urano.
Armado
até os dentes, Perseu seguiu voando rumo às górgonas. Elas são mulheres que nas
cabeças no lugar de cabelos há serpentes e quem cruzar seu olhar,
imediatamente, é transformado em pedra.
De
acordo com VERNANT, quando um ser humano é transformado em pedra: “Não é apenas a morte que enfrentamos, é a
metamorfose que nos faz passar do reino humano ao reino mineral e, portanto, ao
que há de mais contrário à natureza humana. Disso ninguém escapa”.
(VERNANT, p. 188)
Quando
Perseu chegou à morada das górgonas, para ele não cruzar o olhar da Medusa, ele
utiliza do escudo como espelho, conseguindo degolar o monstro e colocando a
cabeça do mesmo dentro da kísibis. Isso acontece quando as outras
duas górgonas estão dormindo. Mas, elas acordam aos gritos estridentes dados
pela Medusa e tentam agarrar Perseu. Porém, ele consegue voar e ficar
invisível, conseguindo escapar.
Quando
está voando, Perseu passa pela Etiópia e do alto vê uma linda donzela,
Andrômeda, que está amarrada a um penhasco. Andrômeda fora colocada lá por seu
pai, o rei Cefeu, por estar com muito medo pelo fato do reino viver uma fase de
desgraças, e a filha serviria como sacrifício a um monstro marinho. Perseu
procura pelo rei Cefeu para lhe fazer uma proposta que se ele conseguir
libertar a moça e matar o monstro, ela será sua esposa. O rei aceita, mas sem
muitas esperanças. No entanto, Perseu consegue matar o monstro, salvando a bela
Andrômeda de uma tragédia. Após a vitória eles permanecem um tempo na praia.
“Perseu põe a cabeça de Medusa na
areia, de tal forma que os olhos do monstro ficam ligeiramente para fora da
mochila. O olhar de Medusa estende-se rente à água; as algas que boiavam
flexíveis, moles, vivas, são solidificadas, petrificadas, transformando em
corais sangrentos. Por isso é que há no mar algas mineralizadas: o olhar de
Medusa as transformou em pedra, no meio das ondas”. (VERNANT, p. 190)
Perseu
leva Andrômeda à Ilha de Serifo. Lá, sua mãe e Díctis estão refugiados num
santuário escondido de Polidectes que desejava matá-los. Tendo ciência destes
fatos, o semideus manda alguém dizer ao rei que está de volta com o seu
presente. Polidectes resolve dar um banquete. Ao comparecer ao evento, Perseu
puxa da kísibis a cabeça da medusa e todos os presentes e
inclusive, Polidectes, por conta da sua curiosidade se transformam em pedra.
Após esse incidente, o filho de Dânae deseja se reconciliar com seu avô
Acrísio, mandando um recado para ele, dizendo que fará uma visita a Argos.
Acrísio com medo de morrer como dissera o oráculo, fugira, seguindo para uma
cidade vizinha que está havendo uma competição esportiva. Ao chegar ao local do
evento, Perseu é convidado para participar do lançamento de discos. Por
descuido, Perseu ao lançar o disco, este acaba caindo aos pés de Acrísio,
causando um ferimento mortal.
“O rei morre, mas Perseu hesita em
subir ao trono de Argos, que é seu. Suceder ao rei cuja morte ele causou não
lhe parece adequado. Para promover a reconciliação familiar, propõe uma troca a
Proitos, irmão do falecido rei, e que reina em Tirinto: ele subirá ao trono de
Argos, enquanto Perseu ocupará seu lugar em Tirinto”. (VERNANT, p. 191)
O
lendário herói entrega de volta aos deuses os presentes recebidos. Com a cabeça
da Medusa ele presenteia a deusa Atenas que a transforma na peça central do seu
equipamento de guerra.
“Voltando a ser um simples mortal, o
herói cuja façanha o transformara por tanto tempo em um “senhor da morte”, um
dia também morrerá, como qualquer um de nós. Mas, para homenagear o jovem que
ousou desafiar a Górgona de olhar petrificante, Zeus transporta Perseu para o
céu, onde o fixa na forma das estrelas da constelação que leva seu nome e que,
na escura abóbada noturna, desenha sua figura em pontos luminosos visíveis por
todos, para sempre”. (VERNANT, p. 192)
REFERÊNCIAS:
KURY, Mário da Gama. Dicionário
de Mitologia Grega e Romana.
VERNANT, Jean-Pierre. O universo, os deuses, os homens. São Paulo. Editora Schwarcz, 2008.
MITOLOGIA GREGA PARTE 1: A origem do universo:
MITOLOGIA GREGA PARTE 2: O nascimento
de Afrodite e o reinado de Khrónos:
MITOLOGIA GREGA PARTE 3: Guerra dos
Deuses:
MITOLOGIA GREGA PARTE 4: A cidade de
Mecona e a história de Prometeu:
MITOLOGIA GREGA PARTE 5: Pandora, a
primeira mulher do mundo:
MITOLOGIA GREGA PARTE 6: A Guerra de
Troia:
MITOLOGIA GREGA PARTE 7: A aventura de
Ulisses ou A Odisseia - Parte 1:
MITOLOGIA GREGA PARTE 8: A aventura de
Ulisses ou A Odisseia - Parte 2:
MITOLOGIA GREGA PARTE 9: A aventura de
Ulisses ou A Odisseia - Parte 3:
MITOLOGIA GREGA PARTE 10: A história de
Dionísio:
MITOLOGIA GREGA PARTE 11: A história e
a maldição de Édipo - Parte 1:
MITOLOGIA GREGA PARTE 12: A história e
a maldição de Édipo - Parte 2:
MITOLOGIA GREGA PARTE 13: A história e
a maldição de Édipo - Parte 3: