Por: Doris
A nostalgia dos lençóis
desarrumados, o cheiro conhecido e a inútil tentativa do novo, há tempos que
são os silenciosos conhecidos do jovem casal.
Maquinalmente ela deita
sua cabeça num conhecido peito e ele corre os dedos por entre os familiares
coitos com a ideia de que aquele era o melhor momento.
Sim, os monogâmicos e
seus laços, reflexo de uma sociedade reprimida por uma aparente educação que
por sua vez é a mais doce das mentiras.
As mentes nada
questionavam, pois as novidades eram covas.
Era tempo de piedade aos
seus frescos corpos que se estendiam tão bem e que sempre se algemavam no
quarto dela. Jovem cópia de uma “roqueirinha” qualquer: visual a mil,
conhecimento vil.
- O que vamos fazer hoje?
– Já no chuveiro perguntou ela a ele que voando respondeu com descarga.
A inércia é o pior dos
vícios. Deixa-nos cegos, ocos, marionetados por seres incansáveis que se
rejuvenescem com nossa lenta morte diária.
- Hein! O que vamos fazer
hoje?
- O quê? – Perguntou ele
quando baixou voo.
E ao refazer-lhe a
pergunta, ele teve como resposta o que já ansiava: Shopping (a melhor passarela
para parecer feliz).
O resto é resto.
Com medo deles próprio se
deixam encaminhar por outras mãos que levam as bandeiras da felicidade como
quer o figurino social.
Normas nos sentimentos. O
que significa isso?
Nunca reprima o que
sente. Os danos das perdas são prelúdios para novidades. “Perder” alguém é
limitar-se a outros limites. O amor deve existir de si para si. Querer ser
amado é ter falta de amor próprio, e falta de amor próprio é o alvo mais
exposto para o cupido mais certeiro.
in: Doris “Os Medrosos”.