(Foto: Acervo pessoal de Lua Clara Jacira)
Vi em algum lugar nessa rede que o
grande vilão dos mares não era o plástico, mas o cigarro, e apresentava uma
imagem de cigarros no fundo dos mares. Não abri a reportagem no momento que vi
para lê e agora tou buscando.
Eu aqui, moro nos confins do sertão, numa
pequena cidade do interior norte do Ceará e pedalo 18 km pra tomar banho de
açude logo o dia aponte no horizonte, pego a estrada. Eu vou me deitar nos
braços de mãe d’água, nas doces águas do Ipaguaçu Mirim. Mas embora eu sempre
traga lindas imagens do lugar, nem tudo lá é bonito, a natureza é bela em todo
lugar, mas também há gente em todo lugar.
Nem toda gente polui e destrói a
natureza e seus elementais, mas a maioria por aqui, sim.
O açude onde me deito nos braços de mãe
d’água dá de beber suas águas todo o povo do lugar, dá peixe aos ribeirinhos, dá
abundância nas grandes cheias de abril. O povo em troca entope o açude de lixo
em suas margens e dentro dele.
Todos os dias quando vou tomar banho,
apanho lixo, muito, isso só nas margens onde tomo banho, sacolas plásticas,
copos descartáveis, garrafas e latinha de cerveja, cachaça, vinho, esponja,
muito vidro quebrado, embalagem de biscoito recheado, de chilito de milho transgênico,
garrafa de água descartável, fralda descartável de criança, toco de cigarro,
embalagem de cigarro... vou juntando e ponho no lixeiro mais próximo, bem
próximo ao açude.Essas imagens é só uma amostra do lixão.
A natureza sofre e eu sofro junto.
Imagino que não faço muito, pois o
problema é ainda maior e mais complexo. Se junta e se joga no lixeiro , mas
qual o destino de tanto lixo? Não existe jogar fora. Jogar fora aonde? No sol?
E todo o lixo que já está acumulado
no fundo do açude?
E todo o lixo que ainda vai ser
jogado em suas margens?
E como acabar com o consumo de tanto
plástico, tanta coisa desnecessária que só poluí e faz sofrer nossa Terra Mãe?
Lá tem garça pescando, tou de amizade
com ela, lavadeira lavando roupa, pescador pescando, tem sol, tem vento, tem
planta e lixo, muito lixo.
Por: Lua Clara Jacira.