MITOLOGIA GREGA VI: A Guerra de Troia


A queda de Tróia, por Johann Georg Trautmann (1713–1769).


Por: Allan de Oliveira.

  

O casamento de Peleu

  

Tudo se inicia quando Peleu, rei da Ftia e da Tessália, certo dia vê Tétis, uma ninfa do mar, na beira de uma praia, inicia uma conversa e a sequestra, levando-a a seu castelo para se casar com ela no Monte Pélion, morada dos centauros; e através dessa união nascera Aquiles, um poderoso semideus.

 

Sabe-se que uma das versões mais conhecidas sobre a invulnerabilidade de Aquiles é que quando ele era um bebê, sua mãe a deusa Tétis o mergulhou no Rio Estige, o rio do Tártaro, para ele adquirir a invencibilidade, e, somente, o calcanhar que ela segurava não fora coberto pela força por não ter entrado em contato com a água. Com isso, o calcanhar de Aquiles se tornou o único local do corpo que poderia levá-lo à morte.

 

No dia do casamento do rei Peleu com a ninfa Tétis estiveram presentes todos os deuses e cada um deles levara presentes ao noivo. No meio da celebração, aparecera Eris (deusa que representa a discórdia, o ciúme e o ódio). Esta deusa atirara ao chão a pedido de Zeus, uma maçã de ouro na qual estava escrita a frase: “À mais bela”.

 

***

 

Páris é o filho caçula de Príamo, rei de Troia, e Hécuba, segunda esposa de Príamo.

 

Zeus decide não escolher a deusa mais bela, dando a incumbência para um mortal escolher. Assim, Hermes, acompanhado de Hera, Atena e Afrodite, pede a Páris para dá sua opinião. Isto ocorre quando o príncipe tomava conta dos rebanhos de Príamo.

 

“As três deusas, cuja beleza provavelmente se equivale, tentaram seduzi-lo com promessas aliciantes. Cada uma delas, se for a eleita, jura lhe dar um poder único e singular que só elas tem o privilégio de conceber.

 

O que pode lhe oferecer Atena? Diz ela: “Se me escolheres, terás a vitória nos combates na guerra e a sabedoria que todos invejarão”. Hera lhe declara: “Se me escolheres, obterás a realeza, serás o soberano de toda a Ásia, pois, como esposa de Zeus, em meu leito está inscrita a soberania”. Quando a Afrodite, anuncia-lhe: “Se preferires a mim, serás o sedutor completo, tudo o que houver de mais belo no plano feminino será teu e, muito em especial, a bela Helena, cuja fama já se espalhou por toda parte. Esta, quando te vir, não resistirá. Serás o amante e o marido da bela Helena”. Vitória na guerra, soberania, a bela Helena, a beleza, o prazer, a felicidade com uma mulher... Páris escolhe Helena”. (VERNANT pgs. 88 / 89)

 

O início da guerra


Helena e Páris, pintura de Jacques-Louis David, 1788

 

Páris se transforma em amante de Helena, a mulher mais linda do mundo da época, sendo filha de Zeus e Leda, e esposa do rei de Esparta, Menelau, que é irmão de Agamêmnon.

 

Assim, Páris e Helena fogem para Troia. Helena que antes era chamada de “Helena de Esparta” passa a ser chamada de “Helena de Troia”. Este passa a ser considerado o principal fator que encandeou a Guerra de Troia.

 

Ulisses vai à procura de Aquiles para que ele possa ajudar os gregos no conflito, e Agamémnom, considerado um dos mais poderosos reis gregos e comandante supremo das forças da Grécia, atravessou o Mar Egeu no intuito de atacar Tróia. Com isso, as naus desembarcaram numa praia de Troia e a guerra se iniciara, durando cerca de 10 anos até o momento em que Ulisses teve a ideia do Cavalo de Troia.

 

Essa fora uma guerra em que houve o envolvimento dos deuses e eles acabaram ajudando ambos os lados. Mas, para ser analisada, a guerra é considerado um evento criado pelos deuses para punir os homens e procurar manter o equilíbrio.

 

 “Os homens são barulhentos demais. Há a zona etérea, silenciosa, onde os deuses se recolhem e se olham uns aos outros, e depois há esses humanos que se agitam, que se mexem sem parar, que se esgotam e brigam. Então, aos olhos dos deuses, vez por outra uma boa guerra resolve o problema: retorna-se à calma”. (VERNANT p. 85)

 

De acordo com as narrativas, e, principalmente, a de Homero na Ilíada, percebe-se o envolvimento de Afrodite, Apolo, Ares, Atena, Hera, Poséidon e Tétis.

 

Agamêmnon sequestra Criseida, filha de Crises e sacerdote de Apolo, enquanto Aquiles está com Briseida. Crises pede a ele para devolver sua filha por um resgate, mas Agamêmnon nega a proposta e Crises pede ajuda ao deus Apolo. O deus castiga os gregos com uma peste.

 

Agamêmnon toma Briseida de Aquiles. O semideus ofendido se retira da guerra, levando sua tropa, os Mirmidões, e pede à sua mãe, a ninfa Tétis, para falar com Zeus para ajudar aos troianos. A ninfa consegue realizar o pedido do filho, mas, Hera fica do lado dos gregos.

 

Agamêmnon por ter sonhado com Zeus, ataca Troia, ocorrendo uma desavença entre eles em que Ulisses consegue contornar a situação.

 

Os exércitos se confrontam, e Páris ao ter visto Menelau que deseja matá-lo, recuou. Menelau propõe um duelo entre eles e Heitor, irmão de Páris, propõe que através do duelo se dará o destino daquela guerra. Quando é iniciado o duelo, Menelau consegue vantagem, e quando está para derrotar seu oponente, a deusa Afrodite retira Páris ao envolvê-lo numa névoa e o leva até Helena. Agamêmnon exige a entrega de Helena por considerar que Menelau vencera o duelo.

 

As deusas Atena e Hera pedem a Zeus para a guerra continuar e só parar quando houver a destruição de Troia. Com isso, Atena aproveita e vai até as tropas de Troia para conversar com Pândaro, um dos arqueiros troianos, pedindo-o para atirar uma flecha em Menelau, e esta cena faz com que o pacto entre os gregos e os troianos se quebre. Isso faz surgir uma sangrenta batalha na qual os gregos levam a vantagem.

 

Heitor pede à mãe para fazer oferendas à Atena.

 

O deus Apolo, e a deusa Atena, combinam para que aja um duelo entre Heitor e algum herói grego. Esse duelo ocorre com Ajax.

 

Após ouvir os conselhos de Heitor, Agamêmnon envia uma comitiva para oferecer presentes a Aquiles para que este retorne à luta. Aquiles ainda enraivado, não retorna. Com isso, Agamêmnon envia espiões ao acampamento troiano e estes acabam massacrando o rei Reso e seus guerreiros que dormiam.

 

Durante esses combates, os troianos acabam vencendo.

 

Poseideon fica do lado dos gregos, enquanto Zeus do lado dos troianos. Mas, Hera pede a Hipnos (o sono personificado, filho de Nýx e Érebo, e irmão gêmeo de Tânatos, a morte) para adormecer Zeus. Assim, os gregos recuperam a vantagem na guerra e Ajax acaba ferindo Heitor. Ao acordar, Zeus mandar um recado a Apolo e Íris para eles ajudarem aos troianos, e o deus do trovão acaba impedindo Poseidon, enquanto que os grandes soldados gregos são feridos.

 

Pátroclo implora a Aquiles para ele mesmo comandar os Mirmidões. Aquiles concede o desejo do amigo, mas diz a ele para expulsar os troianos, mas não os persiga. Porém, Pátroclo desobedece aos conselhos de Aquiles e persegue os troianos até a cidade e lá ocorre um duelo entre ele e Heitor que o mata, imaginando que o rapaz fosse Aquiles.

 

Heitor fica com as armas de Aquiles e Ajax com o corpo de Pátroclo.

 

Aquiles ao saber da morte de Pátroclo fica irado e conversa com Tétis e esta lhe dá novas armas para a próxima batalha; e na manhã seguinte, Aquiles retorna à batalha, estando novamente do lado de Agamêmnon que lhe devolve Briseida.

 

No combate, Aquiles luta como nunca e acaba fazendo os troianos recuarem até os portões de Troia.

 

Atena engana Heitor, fazendo-o entrar num duelo com Aquiles. Heitor procura fazer um trato com o outro para que haja os funerais adequados para o cadáver do vencido. Mas, Aquiles está louco de raiva e não entra nesse acordo.

 

Quando o duelo ocorre, Aquiles corta a garganta de Heitor e este acaba morrendo no duelo.

 

Após assassinar Heitor, Aquiles leva o corpo de Heitor, arrastando-o numa biga, levando-o ao acampamento grego.

 

Os funerais de Pátroclo são feitos e durante à noite, o rei Príamo vai escondido ao acampamento dos gregos pedir à Aquiles devolver o corpo do seu filho. Comovido, Aquiles devolve o corpo de Heitor a Príamo para ele fazer o funeral adequado.

 

O Cavalo de Troia




 Cavalo de Tróia, de Giovanni Domenico Tiepolo

 

 

Após esses incidentes, as tropas gregas, aparentemente, se retiram, deixando na praia de Troia um cavalo de madeira, o famoso Cavalo de Troia. Os troianos levam o cavalo para dentro da sua cidade, considerando-o como um presente dos deuses e realizam uma grande festa, por considerarem que a guerra havia acabado e que eles eram os vencedores.

 

Quando anoitece, enquanto os troianos estão adormecidos embriagados, os guerreiros gregos que estavam escondidos dentro do cavalo de madeira, saem, abrindo os portões da cidade para as tropas gregas entrarem e eles incendeiam a cidade, vencendo a guerra, de forma astuciosa e desonesta.

  

 (Continua)

 

REFERÊNCIAS:

        

Brasil Escola – Guerra de Troia. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/historiag/guerra-de-troia.htm>. Acesso em: 01 de set. de 2013.

 

Consciência: Filosofia e Ciências Humanas – Resumo do Poema Ilíada de Homero. Disponível em: <http://www.consciencia.org/iliada-homero-resumo>. Acesso em: 13 de ago. de 2013.

 

KURY, Mário da Gama. Dicionário de Mitologia Grega e Romana.

 

VERNANT, Jean-Pierre. O universo, os deuses, os homens. São Paulo. Editora Schwarcz, 2008.

  

MITOLOGIA GREGA PARTE 1: A origem do universo:

https://bit.ly/3xJrAIT

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 2: O nascimento de Afrodite e o reinado de Khrónos:

https://bit.ly/3aON1PN

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 3: Guerra dos Deuses:

https://bit.ly/3O9rFef

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 4: A cidade de Mecona e a história de Prometeu:

https://bit.ly/3QhveRC

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 5: Pandora, a primeira mulher do mundo:

https://bit.ly/3Qk0y2f

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 7: A aventura de Ulisses ou A Odisseia - Parte 1:

https://bit.ly/3Qkf5L0

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 8: A aventura de Ulisses ou A Odisseia - Parte 2:

https://bit.ly/3HkcEo0

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 9: A aventura de Ulisses ou A Odisseia - Parte 3:

https://bit.ly/3OblFSl

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 10: A história de Dionísio:

https://bit.ly/3HkRENF

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 11: A história e a maldição de Édipo - Parte 1:

https://bit.ly/3QhwcNK

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 12: A história e a maldição de Édipo - Parte 2:

https://bit.ly/3xLkxzE

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 13: A história e a maldição de Édipo - Parte 3:

https://bit.ly/3aRRvFe

 

MITOLOGIA GREGA PARTE 14: A história de Perseu:

https://bit.ly/3MLfQK4 


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Escritor, pesquisador, blogueiro, e Youtuber que visa através deste blog a circulação de textos próprios, bem como o de pessoas amigas, no intuito de incentivar as artes que há dentro de cada um de nós, e também a divulgação de culturas em geral. Contato: contatoallandeoliveira@gmail.com

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