Por: Allan de Oliveira.
Após
os incidentes que ocorreram em Tebas, o trono passou por transtornos. E pela
lógica quem deveria assumi-lo deveria ser Polidoro, o filho de Cadmo, que se
casara com a filha de Ctônio. Mas, ele ocupa o trono por pouco tempo, devendo
ceder o lugar ao filho que teve com Nicteida, Lábdaco. Porém, Lábdaco ainda
está muito jovem para tomar posse do trono.
Esses
são tempos de violência, desordem e usurpação, ocorrendo uma rivalidade com os
semeados e o poder legítimo.
Lábdaco
morre quando seu filho está com um ano. Assim, Nicteu e Lico ocupam o lugar até
serem mortos por Anfíon e Zieto. Laio é exilado e quando adulto encontra
refúgio em Corinto com o rei Pélope, avô de Agamêmnon.
Laio
se apaixona pelo filho de Pélope, Crisipo e o rapta. Mas, este lhe nega a
relação erótica e Laio abusa sexualmente do rapaz. Fato este que faz o rapaz se
suicidar por se sentir escandalizado.
O
rei Pélope lança uma maldição sobre Laio para sua estirpe desaparecer da face
da terra.
Laio
retorna à Tebas e se casa com Jocasta. Depois do casamento, Laio vai consultar
o Oráculo de Delfos e este lhe responde que se ele tiver um filho o mesmo o
matará e se deitará com sua esposa. Este fato ocorrerá como uma maldição do
oráculo à Laio por conta de seus amores homossexuais.
Apavorado,
Laio sai do oráculo e retorna à Tebas. Mas, um dia Jocasta acaba engravidando e
o bebê é destinado à morte a mando do rei que manda Jocasta entregar o
recém-nascido a um pastor de ovelhas para ele o deixar na montanha para ficar
exposto às aves e aos animais selvagens.
O
pastor perfura o calcanhar da criança, amarra seus pés e a leva. Mas, no
caminho ele sente pena do bebê e o entrega a um pastor de Corinto. Esse outro
pastor dá o bebê ao rei Pólibo e à rainha Peribéia porque eles querem ter
filhos e não conseguem. Nisso, os reis ficam muito felizes com o bebê e ele
passa a ser chamado Édipo.
Édipo
fora achado no Vale escuro do Citéron. Seu nome significa “pés inchados”.
Com
o passar dos anos a cidade de Corinto comenta o fato do garoto Édipo não ser
100% daquela cidade e nem tão pouco ser filho do rei Pólibo, nem da rainha
Peribéia.
Certo
dia quando Édipo já havia alcançado a maior idade, um bêbado o chama de filho
adotivo, e preocupado, Édipo pergunta ao pai sobre isso e este lhe omite a
verdade. Porém, Édipo continua preocupado com aquele comentário e ele vai se
consultar no Oráculo de Delfos que lhe responde:
-Matarás
teu pai e se deitarás com tua mãe.
Horrorizado,
Édipo resolve se exilar de Corinto e segue para Tebas. Ao se dirigir a um
cruzamento a carroça de Édipo se depara com outra que é do rei Laio e seu
séquito. O cocheiro de Laio bate no cavalo de Édipo e nele também, mandando-o
abrir passagem para passarem. Mas, Édipo por se sentir humilhado, acaba matando
em legítima defesa o cocheiro, Laio e seu séquito, e, somente, um homem
consegue fugir.
Na
entrada de Tebas se encontra uma esfinge que há anos exige dos jovens desvendar
seus enigmas. Como nenhum deles consegue desvendar os enigmas, ela mata-os.
Quando
Creonte, irmão de Jocasta, e que assumiu temporariamente o trono de Tebas, vê
Édipo, sugere a ele se conseguir vencer a Esfinge para salvar a cidade, como
recompensa ele se tornará rei e se casará com a rainha. Édipo aceita o desafio
e ao se aproximar da Esfinge, ela pergunta:
“-
Que animal anda com quatro pernas de manhã, duas ao meio-dia e três à tarde?”.
(SÓFOCLES, p. 98)
Édipo
responde:
-
É o homem. Quando criança, ele engatinha. Na idade madura, caminha sobre as
duas pernas. E quando envelhece, se apoia numa bengala para ajudá-lo a
caminhar.
Édipo
e a Esfinge (pintura de Gustave Moreau)
A
Esfinge se sentindo derrotada se joga do auto da montanha e morre. E assim, a
cidade de Tebas se liberta do domínio do monstro e festeja o herói que se
tornou rei e se casou com a rainha Jocasta.
Um
tempo depois, Jocasta engravida e dá a luz a Polinices, Etéocles, Ismena e
Antígona. Depois a peste retorna à cidade. Por conta disso, Creonte manda um
representante ao Oráculo de Delfos. Nesse ínterim, as pessoas vão ao palácio
real com ramos de oliveira para orar e pedirem ajuda ao rei porque a cidade
está sofrendo com a peste enviada pelos deuses e isto se deu porque os tebanos
estavam desobedecendo aos oráculos.
Quando
o homem que fora ao oráculo retorna, este diz que fora revelado que era preciso
expulsar de Tebas o assassino de Laio. Ao ouvir, Édipo diz que irá tomar suas
providências.
Creonte
manda chamar Tirésias, um sábio cego, sacerdote de Apolo, para dá alguma
informação na presença do rei. Mas, ele diz a Édipo o seguinte:
“Agora
ouve: o homem que vens procurando entre ameaças e discursos incessantes sobre o
crime contra o rei Laio, esse homem, Édipo, está aqui em Tebas e se faz passar
por estrangeiro, mas todos verão bem cedo que ele nasceu aqui e essa revelação
não há de lhe proporcionar prazer algum; ele, que agora vê demais, ficará cego;
ele, que agora é rico, pedirá esmolas e arrastará seus passos em terras de
exílio, tateando o chão à sua frente com um bordão. Dentro de pouco tempo
saberão que ele ao mesmo tempo é irmão e pai dos muitos filhos com quem vive,
filho e consorte da mulher de quem nasceu; e que ele fecundou a esposa do
próprio pai depois de havê-lo assassinado!”. (KURY, 2008, p. 40)
Quando
Édipo interroga Tirésias, a princípio, ele lhe nega dar qualquer informação.
Édipo, então, passa a desconfiar dele, em Creonte e no homem que fora ao
Oráculo de Delfos, pensando que eles estão conspirando contra seu trono. Pensa
em expulsar Creonte de Tebas, mas Jocasta intervém.
Quando
Édipo manda chamar o homem que fugira no dia do assassinato de Laio para
perguntar como havia sido o ocorrido, ele lhe diz que Laio e seu séquito foram
atacados por bandidos no cruzamento.
Édipo
se lembra do dia em que matara um homem e seu cocheiro no cruzamento, mas ainda
não sabe de que se tratava de Laio, e de acordo com o informante, o séquito
fora atacado por bandidos.
Chega
depois um homem de Corinto para anunciar a Édipo a morte de seus pais.
“Dor
de Édipo, que está órfão. Dor mesclada de certa alegria, porque, se Pólibo
morreu, Édipo não poderá matar o pai, que agora é um defunto. Tampouco poderá
dormir com a mãe, pois ela já morreu. Esse homem de pensamento muito frio,
muito claro, está quase contente ao saber que o oráculo não disse a verdade.
Diante do portador das más notícias, que talvez espera que Édipo retorne a
Corinto para assumir a realeza, conforme o previsto, Édipo se justifica: teve
de deixar Corinto porque lhe haviam feito a previsão de que mataria o pai e
dormiria com a mãe. O mensageiro retruca: “Estavas errado em fazer isso: Pólibo
e Peribéia não são teu pai e tua mãe”. Estarrecido, Édipo fica pensando no que
tudo isso significa”. (VERNANT, p. 173)
O
mensageiro diz à Jocasta que Édipo é filho adotivo do rei e da rainha de
Corinto e ela passou a ter uma sinistra intuição. Édipo pergunta ao mensageiro
como ele sabe disso e o outro lhe responde que o pastor do palácio de Tebas
entregou o bebê que Jocasta mandou dá um sumiço a ele e depois o bebê fora
entregue aos seus patrões.
Ao
ouvir toda aquela história, Édipo descobre a verdade e sai correndo como louco
atrás de Jocasta. Quando ele a encontra, a vê, morta. Ela se suicidara com seu
cinto. Desesperado ao ver a Jocasta enforcada, ele retirou um dos broches da
roupa daquela que ali estava e furou os próprios olhos.
(Continua)
REFERÊNCIAS:
KURY, Mário da Gama. Dicionário
de Mitologia Grega e Romana.
RECANTO DAS LETRAS – Édipo em Colono e
Antígona. Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/1076161>. Acesso em: 23 de ago. de 2013.
SÓFOCLES. Tragédia Grega Volume
I: A Trilogia Tebana. Rio de Janeiro. Jorge Zahar Editor, 2008. 13ª Ed.
VERNANT, Jean-Pierre. O
universo, os deuses, os homens. São Paulo. Editora Schwarcz, 2008.
MITOLOGIA GREGA PARTE 1: A origem do universo:
MITOLOGIA GREGA PARTE 2: O nascimento
de Afrodite e o reinado de Khrónos:
MITOLOGIA GREGA PARTE 3: Guerra dos
Deuses:
MITOLOGIA GREGA PARTE 4: A cidade de
Mecona e a história de Prometeu:
MITOLOGIA GREGA PARTE 5: Pandora, a
primeira mulher do mundo:
MITOLOGIA GREGA PARTE 6: A Guerra de
Troia:
MITOLOGIA GREGA PARTE 7: A aventura de
Ulisses ou A Odisseia - Parte 1:
MITOLOGIA GREGA PARTE 8: A aventura de
Ulisses ou A Odisseia - Parte 2:
MITOLOGIA GREGA PARTE 9: A aventura de
Ulisses ou A Odisseia - Parte 3:
MITOLOGIA GREGA PARTE 10: A história de
Dionísio:
MITOLOGIA GREGA PARTE 12: A história e
a maldição de Édipo - Parte 2:
MITOLOGIA GREGA PARTE 13: A história e
a maldição de Édipo - Parte 3:
MITOLOGIA GREGA PARTE 14: A história de
Perseu: