A nostalgia dos lençóis desarrumados, o cheiro conhecido e a inútil
tentativa do novo, há tempos que são os silenciosos conhecidos do jovem casal
Maquinalmente ela deita sua cabeça num conhecido peito e ele corre os
dedos por entre os familiares coitos com a ideia de que aquele era o melhor
momento.
Sim, os monogâmicos e seus laços, reflexo de uma sociedade reprimida por
uma aparente educação que por sua vez é a mais doce das mentiras.
As mentes nada questionavam, pois as novidades eram covas.
Era tempo de piedade aos seus frescos corpos que se estendiam tão bem e
que sempre se algemavam no quarto dela. Jovem cópia de uma “roqueirinha”
qualquer: visual a mil, conhecimento vil.
- O que vamos fazer hoje? – Já no chuveiro perguntou ela a ele que voando
respondeu com descarga.
A inércia é o pior dos vícios. Deixa-nos cegos, ocos, marionetados por
seres incansáveis que se rejuvenescem com nossa lenta morte diária.
- Hein! O que vamos fazer hoje?
- O quê? – Perguntou ele quando baixou voo.
E ao refazer-lhe a pergunta, ele teve como resposta o que já ansiava:
Shopping (a melhor passarela para parecer feliz).
O resto é resto.
Com medo deles próprio se deixam encaminhar por outras mãos que levam as
bandeiras da felicidade como quer o figurino social.
Normas nos sentimentos. O que significa isso?
Nunca reprima o que sente. Os danos das perdas são prelúdios para
novidades. “Perder” alguém é limitar-se a outros limites. O amor deve existir
de si para si. Querer ser amado é ter falta de amor próprio, e falta de amor
próprio é o alvo mais exposto para o cupido mais certeiro.
Por; Antônio (Doris)
in:
Doris “Os Medrosos”.